Ecologia

Ecologia
Estação Ambiental de Peti
>

Páginas

Powered By Blogger

sábado, 14 de novembro de 2009

sobre escolas e cebolas

As cebolas ocupam um lugar destacado no meu pensamento. Penso-as, em primeiro lugar, de maneira científica: cebola, bolbo da planta Allium cepa, que ocupa um lugar definido na árvore das classificações botânicas. Penso-as, a seguir, de forma culinária: entidades acidentalmente lacrimogéneas, de tamanhos variados, cheiro característico e gosto saboroso, que se prestam a ser usadas em molhos, saladas, conservas e sopas. Penso-as, em terceiro lugar, como metáforas poéticas e descrevo-as, com Neruda, como “rosas de água com as suas escamas de cristal”: O quarto uso, acho que é só meu: a cebola faz-me pensar filosófica e pedagogicamente.

A cebola filosófica apareceu-me ao terminar a leitura do livro de Piaget,Biologia e conhecimento. Nesse livro ele sugere que a aprendizagem não á apenas um processo lógico: é um processo vital. O organismo aprende para poder “comer” o seu meio ambiente. O que não é vital não é aprendido. Aprender é fazer o corpo crescer por expansões sucessivas. Aí apareceu-me a cebola cortada horizontalmente. Basta olhar para compreender como a cebola aconteceu: tudo começou num círculo interno mínimo. Em torno dele as outras camadas foram crescendo. Sem saltos. A camada númeor 3 só aparece depois das camadas número 1 e 2. Na cebola não há buracos.

Cebola, metáfora da aprendizagem. Aquele círculo mínimo central é o corpo do aluno. O corpo, a que Nietzche dava o nome de grande razão, procura aprender o mundo que o cerca a fim de poder apreendê-lo: o meio ambiente deve-se tornar comida. Para que o corpo viva. O que não se transforma em comida, o que não é vital para o corpo, não aprendido.

Ela era professora universitária. Passara direitinho pela escola. Ensinaram-lhe física eléctrica, watts, volts, ohms, circuitos e motores. Tudo no papel. É preciso para passar no exame. Não estava já na sala de aula onde se fala. Estava na sala de sua casa, onde acontece. As lâmpadas apagaram-se. Sentiu-se perdida. A escola não lhe ensinara o que fazer na sua casa. Lembrou-se de que o pai, quando as lâmpadas se apagavam, trocava um fusível. Apelou para o filho de oito anos: “Onde estão os fusíveis?” O menino respondeu: “Já não há fusível, mãe. É disjuntor”. A mãe não sabia o que era disjuntor. Perguntou se fora na escola que aprendera aquilo. O menino disse que na escola não se aprendiam essas coisas de casa. Aprendera com o pai. Então o menino foi até à caixa dos disjuntores, viu o que tinha caído, ligou-o e a luz voltou.

A escoa ensinara a mãe a resolver problemas da camada número 10 da cebola, mas não ensinara a resolver os problemas da camada número 2. Confessou-me depois, meio encabulada, que também não sabia consertar tomadas e interruptores. E nem sabia manusear martelos e chaves de fenda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog

Seguidores

Arquivo do blog

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, MG, Brazil
Português/Inglês pela Uni-bh. Especialização em Língua Portuguesa Larga experiência no ensino 1o e 2o graus.

BLOG RITA OLIVEIRA

Seja bem-vindo ao nosso blog!

Aqui você encontrará o que pocura : LITERATURA,POESIAS E ARTIGOS SOBRE EDUCAÇÃO.

CONFIRA!