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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

DEZ MOTIVOS PARA VOCÊ LER UM BOM LIVRO

1. Você aprende a pensar

2. Desenvolve o raciocínio

3 .Corrige falhas na pontuação

4 .Enriquece o vocabulário

5. Ajuda a redigir melhor e mais facilmente

6. Quanto mais você lê mais se familiariza com a língua

7. Corrige falhas na ortografia

8. Desenvolve o senso crítico

9. Se sai melhor na escola

10. A leitura de um bom livro é sempre prazerosa

segunda-feira, 28 de junho de 2010

EM NÍVEL ou A NÍVEL DE?




a) A NÍVEL DE não existe. Foi um modismo criado nos últimos anos. Devemos evitá-lo:

"A nível de relatório, o trabalho está muito bom."

O certo é: "Quanto ao relatório... ou Com referência ao relatório..."



"Levou um pontapé ao nível do joelho."

O certo é: "Levou um pontapé na altura do joelho."



b) EM NÍVEL. Só pode ser usado em situações em que existam "níveis":

"Este problema só pode ser resolvido em nível de diretoria."

"Isso será analisado em nível federal."



domingo, 27 de junho de 2010

terça-feira, 1 de junho de 2010



segunda-feira, 31 de maio de 2010

Neste 5 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Criou-se esta data em1972,em virtude de um encontro promovido pela ONU(Organização das Nações Unidas),a fim de tratar assuntos ambientais.Como inicia-se hoje a semana do Meio Ambiente,vamos tratar tambem da biodiversidade.



O QUE É BIODIVERSIDADE?


BIO= vida

DIVERSIDADE= variedade



Biodiversidade: Refere-se a variedade de vida no planeta Terra.
A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza,responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas,e fonte de imenso potencial de uso econômico.
Estudo da etmologia do vocábulo biodiversidade

Na história de uma língua,as palavras mudam de forma e significado.Nenhuma,porémsurge do nada.Na palavra BIODIVERSIDADE temos:


BIO:Prefixo grego,bios significa vida.Ex.:Biologia-estudo da vida

DIVERSIDADE: No conceito biológico ainda não registrada.

mas podendo significar variedade,qualidade daquele ou aquilo que é diverso,diferença.

(Michaelles Moderno Dicionário de Língua Portuguesa)

BIODIVERSIDADE

BIODIVERSIDADE

BIODIVERSIDADE

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Pontuação

Confira os resultados do disafio da postagem anterior:


A) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe.Do fazendeiro também era o pai do bezerro.


B) Maria quando toma banho quente sua.
Mãe,diz ela:
Quero tomar banho frio.

segunda-feira, 24 de maio de 2010


PONTUAÇÃO

Pontue corretamente os parágrafos abaixo.
Qual é a resposta certa?


A) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro também era o pai do bezerro



B)Maria quando toma banho quente sua mãe diz ela quero tomar banho frio


Deixe sua resposta num comentário.
Confira a resposta correta na próxima postagem.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

Se não/Senão

se=CONJUNÇÃO

Não= ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO

Portanto,

Se não:Emprega-se quando o SE puder ser substituído por "caso"ou "na hipótese de que
Exs.: Se não for ao cinema avise-me.

Se não estudar poderá ser reprovado

Se não chover viajaremos logo cedo.


Senão:Caso contrário,a não ser,mas,porém,de outro modo,a não ser,mas sim,mas também.

Veja:

Oque é isso,senão um grito?
Não há outra alternativa senão ficar.
Outros exemplos:
Se não poder dizer,tudo bem.
Se não precisar de ajuda não venho.
perguntei a ele se não podia vir comigo.

O que fazer senão sair?
Que outra escolha temos senão assistir à reunião?

terça-feira, 11 de maio de 2010

sábado, 8 de maio de 2010

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A IMPORTÂNCIA DA PONTUAÇÃO

Um homem rico estava muito mal,agonizando.
Pediu papel e caneta.Escreveu assim:
"Deixo meus bens à minha irmã
Não ao meu sobrinho Jamais será paga a conta do pedreiro nada dou aos pobres"

Morreu antes de fazer a pontuação.
A quem deixava ele a fortuna?
Eram quatro concorrentes.

1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã?
Não! A meu sobrinho.Jamais será paga a conta do pedreiro.Nada dou aos pobres.

2) A irmã chegou em seguida.Pontuou assim o escrito:
Deixo meus bens a minha irmã
Não a meu sobrinho.
Jamais será paga a conta do pedreiro.Nada dou aos pobres.

3)O pedreiro pediu cópia do original.
Puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã?Não!
A meu sobrinho?Jamais!Será paga a conta do pedreiro.
Nada dou aos pobres.

4) Ai chegaram os descamisados da cidade.Um deles,sabido,fez essa interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não.
A meu sobrinho?Jamais!
Será paga a conta do pedreiro?Nada!
Dou aos pobres.

( autor desconhecido) circulando na Intrenet
Observem a importância da pontuação.O poder de transformação que ela carrega.
Por isso,fiquem ligados!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

DICAS DE PORTUGUÊS


Agora você não terá mais dúvidas na hora de escrever.Esta dica é muito fácil e simples.
Veja:
A) os verbos com -ISAR são os que têm o grupo IS + VOGAL ou apenas S no substativo ou palavra primitiva.
OBSERVE:
vISão VISAR
paralISia paralisar
pesquISa pesquisar
revISão revisar
lISo alISar

Estes substantivos não têm em sua raiz a letra Z.
EXCEÇÃO:batismo =batizar
B) Com _IZAR escrevem-se os verbos derivados de substantivos que não trazem o S em seu rasical.

Veja:
civil civilIZAR
concreto concretIZAR
imortal imortalIZAR



OBSERVE as EXCEÇÕES

Síntese sintetizar
Catequese catequizar
Hipnose hipnotisar

quarta-feira, 5 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

ERROS DE GRAMÁTICA





Observe alguns erros critantes de gramática que encontramos por ai.

Essa todo mundo erra(ERRADO)
Essa todo o mundo erra. (CORRETO)


Este é o livro que você gosta.(ERRADO)
Este é o livro de que você gosta.(CORRETO)

Desculpe a nossa falha.(ERRADO)
Desculpe-nos a nossa falha.(correto)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Eufonia /cacofonia


Eufonia: palavra de origem grega que significa "escolha harmoniosa do som."
Cacofonia: Dois ou mais sons se juntam formando sons desagradáveis,desajustados.

Exemplos de cacofonia


Homem de pouca fé.

Aqui não tenho sossego,mas lá tinha.

São três balas por cada criança.

A boca dela estava entreaberta.






Como corrigir a cacofonia



Evite a cacofonia substituindo as palavras por otras que não produzam som estranho ou
mude a estrutura frasal.

Ex.: Amei-a muito

por

Eu a amei muito.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ERROS MAIS FREQUENTES EM REDAÇÂO ParteII

Isso aconteceu há dois anos atrás.
Há e atrás são dois indicadores de tempo passado.
Portanto,
Isso aconteceu há dois anos.


Vive às custas do irmão. (ERRADO)
Vive á custa do irmão. CORRETO)



FIQUE ATENTO ÁS PRÓXIMAS DICAS!


DEIXE SEU COMENTÁRIO.

ALGUNS ERROS MAIS FREQUENTES EM REDAÇÃO

Quando escrevemos devemos nos preocupar principalmente com a clareza da mensagem.
Aquele que lê minha redação, só pode contar com o que foi escrito para compreender a mensagem.
Precisamos observar se o texto está coerente e coeso.
Além disso,existem alguns erros que são comums e certamente vão prejudicar e muito a
clareza de uma redação.
Veja alguns desses erros:


"FAZEM" dez anos que não o vejo.

O verbo fazer quando exprime tempo é impessoal.
Portanto,

FAZ dez anos que não o vejo.

"HOUVERAM" muitos casos de dengue em 2008.

O verbo haver,como existir,é invariável.

Portanto,
Houve muitos casos de dengue em 2008.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu ou Mim?

Eu ou

?

Os pronomes do caso oblíquo exercem função de complemento, enquanto os pronomes pessoais do caso reto, de sujeito. Observe:

1. Ela olhou para mim com olhos amorosos (olhou para quem? Complemento: mim.).
2. Por favor, traga minha roupa para eu passar (quem irá praticar a ação de passar? Sujeito: eu.).

Vejamos a pergunta que dá título ao texto: Entre eu e você ou entre mim e você? Depois da explicação acima, constatamos que existe uma preposição: entre. Então, o correto é “Entre mim e você”, pois após a preposição usa-se pronome pessoal do caso oblíquo.

Da mesma forma será com as demais preposições: para mim e você, para mim e ti, sobre mim e ele, entre mim e ela, contra mim, por mim, etc. Veja:

a) Ele trouxe bolo para mim e para ti.
b) Ninguém está contra mim.
c) Você pode fazer isso por mim?
d) Sobre mim e você há uma nuvem de muitas bênçãos.

Agora, observe:

Preciso dos ingredientes para mim fazer o bolo. (Errado) os pronomes oblíguos Tem função de complemento e os pronomes do caso reto de sujeito.Portanto:
Ele mandou flores para mim.Veja:
Ele mandou o quê? Flores.
Para quem? Para mim.
Logo,mim está completando o objeto direto flores.
Esse exercício é para eu fazer (mim não faz nada)
Eu sujeito da oração.
Observe:
Entre eu e ela Há grande amizade (ERRADO)
Entre mim e ela há grande amizade.(CORRETO)



Rita Oliveira Pós graduada em língua Portuguesa.

sábado, 24 de abril de 2010


Comemorou-se no dia de ontem,23 de abril,o Dia Internacional do livro.
O Dia Internacional do Livro teve sua origem na Catalunha,região da Espanha.Inicialmente a data foi celebrada em 07 de outubro de 1926,data de nascimento de Miguel Cervantes.
Em 1996,a Unesco instituiu 23 de abril como o DIA INTERNACIONAL DO livro em virtude da data de falecimento de outros escritores.

Esse,Este,Aquele

São pronomes demonstrativos variáveis em gênero e número.
Os pronomes demonstrativos como o próprio nome diz,demonstram a posição de um elemento qualquer em relação as pessoas do discurso,situando-os no tempo,no espaço ou no próprio discurso.


Quando devo usar ESSE/ESTE?


NA FALA:

ESSE:Usado na fala quando o objeto em foco não está próximo ao falante.

ESTE:Usado na fala quando o objeto em foco está bem próximo ao falante.



NA ESCRITA:

Para algum assunto que já conhecemos.Já mencionado.
Ex.:No Brasil há muitos animais em extinção.Esse assunto vem sendo discutido há décadas.

Para um assunto que ainda não se falou.Antecipado.

Ex.:Este assunto precisa se estudado.A questão da reposição salarial.


Auele: Tanto na fala,quanto na escrita,usa-se para referir-se ao que está distante do falante e do ouvinte,do emissor e do receptor.

Prof.Rita Oliveira

quinta-feira, 22 de abril de 2010

dicas para escrever bem

Na hora de escrever muitos apresentam dificuldades,alegam falta de assunto,falta de idéias.
Se você esta entre os que possuem esta dificuldade veja algumas dicas que podem ser ÚTÉIS:


1 LEIA muito.

2 ESCREVA muito.

3 Faça sempre um esquema de suas idéias sobre o assunto em foco.

4 Procure redigir parágrafos e sentenças curtos.

5 Use suas PRÓPRIAS PALAVRAS evitando "clichês"

6 Não use palavras cujo significado você DESCONHEÇA.

7 Para amenizar dificuldades de pontuação

Leia DIARIAMENTE uma página de algum escritor de sua preferência em VOZ ALTA.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O que é "Pleonasmo"?

Pleonasmo é a repetição de palavras ou expressões inteiramente inúteis por nada acrescentarem ao que já foi dito, ou seja, presença de palavras supérfluas na frase. Por este motivo é considerado um vício de linguagem e recebe o nome de "Pleonasmo Vicioso".
Exemplos: "sonhar um sonho"
"entrar para dentro"
"sair para fora"
"subir para cima"
"descer para baixo"
"ver com os olhos"
"andar com os pés", etc.
Obs.: O Pleonasmo vicioso é também denominado perissologia.
Diferentemente do pleonasmo tradicional, esse deve ser sempre evitado.

Pleonasmo Figura de Linguagem

É um recurso estilístico para emprestar a frase mais força e colorido,intensidade e beleza.Exemplos:
A mim me parece certa a sua opinião.
Minha felicidade eu a conquistei.
Fonte:Pequeno dicionário de Português 12a.Edição São Paulo,1980
Adair Lopes

domingo, 18 de abril de 2010

DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL


18 DE ABRIL

DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL
MONTEIRO LOBATO

"Um país se faz com homens e livros"
(Monteiro Lobato)

José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba. Estreou no mundo das Letras com pequenos contos para os jornais estudantis dos colégios Kennedy e Paulista.
No curso de Direito da Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo, dividiu-se entre suas principais paixões: escrever e desenhar. Colaborou em publicações dos alunos, vencendo um concurso literário, promovido em 1904 pelo Centro Acadêmico XI de Agosto.
Morou na república do Minarete, liderou o grupo de colegas que formou o "Cenáculo" e mandou artigos para um jornalzinho de Pindamonhangaba, cujo título era o mesmo daquela república de estudantes.
Nessa fase de sua formação, Lobato realizou as leituras básicas e entrou em contato com a obra do filósofo alemão Nietzsche, cujo pensamento o guiaria vida afora.
Viveu um tempo como fazendeiro e foi editor de sucesso. Mas foi como escritor infantil que Lobato despertou para o mundo em 1917.
Escreveu, nesse período, sua primeira história infantil, "A menina do Narizinho Arrebitado". Com capa e desenhos de Voltolino, famoso ilustrador da época, o livrinho, lançado no natal de 1920, fez o maior sucesso. Dali nasceram outros episódios, tendo sempre como personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Anastácia e, é claro, Emília, a boneca mais esperta do planeta.
Insatisfeito com as traduções de livros europeus para crianças, ele criou aventuras com figuras bem brasileiras, recuperando costumes da roça e lendas do folclore nacional. E fez mais: misturou todos eles com elementos da literatura universal da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.
No Sítio do Picapau Amarelo, Peter Pan brinca com o Gato Félix, enquanto o Saci ensina truques a Chapeuzinho Vermelho no país das maravilhas de Alice. Mas Monteiro Lobato também fez questão de transmitir conhecimentos e ideias em livros que falam de história, geografia e matemática, tornando-se pioneiro na literatura paradidática - aquela em que se aprende brincando.
Trabalhando a todo vapor, Lobato teve que enfrentar uma série de obstáculos. Primeiro, foi a Revolução dos Tenentes que, em julho de 1924, paralisou as atividades da sua empresa durante dois meses, causando grande prejuízo. Seguiu-se uma inesperada seca, obrigando a um corte no fornecimento de energia. O maquinário gráfico só podia funcionar dois dias por semana.
E, numa brusca mudança na política econômica, Arthur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil. A conseqüência foi um enorme rombo financeiro e muitas dívidas. Só restou uma alternativa a Lobato: pedir a autofalência, apresentada em julho de 1925. O que não significou o fim de seu ambicioso projeto editorial, pois ele já se preparava para criar outra empresa.
Assim surgiu a Companhia Editora Nacional. Sua produção incluía livros de todos os gêneros, entre eles traduções de Hans Staden e Jean de Léry, viajantes europeus que andaram pelo Brasil no século XVI. Lobato recobrou o antigo prestígio, reimprimindo na empresa sua marca inconfundível: livros bem impressos, com projetos gráficos apurados e enorme sucesso de público.
Sofreu perseguições políticas na época da ditadura, porém conseguiu exílio político em Buenos Aires. Lobato estava em liberdade, mas enfrentava uma das fases mais difíceis da sua vida. Perdeu Edgar, o filho mais velho, e presenciou o processo de liquidação das companhias que fundou e, o que foi pior, sofreu com a censura e atmosfera asfixiante da ditadura de Getúlio Vargas.
Partiu para a Argentina, após se associar à Brasiliense e editar suas "Obras Completas", com mais de dez mil páginas, em trinta volumes das séries adulta e infantil. Regressou de Buenos Aires em maio de 1947 para encontrar o país às voltas com situações conflituosas do governo Dutra. Indignado, escreveu "Zé Brasil".
No livro, o velho "Jeca Tatu", preguiçoso incorrigível, que Lobato depois descobriu vítima da miséria, vira um trabalhador rural sem terra. Se antes o caipira lobatiano lutava contra doenças endêmicas, agora tinha no latifúndio e na distribuição injusta da propriedade rural seu pior inimigo. Os personagens prosseguiam na luta. Porém, seu criador já estava cansado de tantas batalhas. Monteiro Lobato sofreu dois espasmos cerebrais e, no dia 4 de julho de 1948, virou "gás inteligente" - o modo como costumava definir a morte.
Monteiro Lobato foi-se aos 66 anos de idade, deixando uma imensa obra para crianças, jovens e adultos e o exemplo de quem passou a existência sob a marca do inconformismo.
Pesquisa no site www.lobato.com.br

SOBRE OS LIVROS
"Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O. Ele representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado.
É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e são capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantém automaticamente em sua seqüência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade! Especialistas se dividem quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, fato que atrai críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.
Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima pagina. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, basta abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reiniciado, embora se torne inútil caso caia no mar, por exemplo.
O comando "broxe" permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na
última utilização, mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total e permite que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. ,
sem necessidade de configuração. Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O., através de anotações em suas margens. Para tanto, deve-se utilizar de um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S..
Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. é apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema disponibilizaram vários títulos e upgrades para a utilização na plataforma L.I.V.R.O."
Autor: Millôr Fernandes

MONTEIRO LOBATO
(Minibiografia poética)
Taubaté=SP= 18/04/1882 +04/07/1948
Lobato, o grande autor da literatura infanto-juvenil,
Também traduziu e adaptou vários livros estrangeiros.
No livro Urupês, Jeca Tatu é o personagem central;
Rui Barbosa louvou o livro no Congresso brasileiro!
Lobato foi quem fundou a primeira editora nacional.
Após início de sua carreira, Lobato vai aos Estados Unidos.
Com o progresso lá visto, retornou com idéias diferentes,
Por defender nosso petróleo, passou situações amargas.
Sua carta, com o tema "Petróleo", ofendeu o Presidente Vargas.
Por este motivo, acabou detido no presídio Tiradentes...
Sua luta pelo petróleo brasileiro deixou-o magoado e doente!
Nacionalista, Lobato escrevia sobre o futuro da nação.
Grande parte de suas obras direcionava às crianças.
Lobato embolsava nas histórias a alegria e a confiança;
A leitura levava o transmite para a boa educação!
No livro, O Sítio do Pica-pau Amarelo,
Jeca Tatu, Boneca Emília, Narizinho, Tia Nastácia, Visconde de Sabugosa, Cuca, Saci, Pedrinho e outros,
Como personagens, vivem aventuras inacreditáveis!

sábado, 17 de abril de 2010

DICAS DE PORTUGUÊS

ONDE/AONDE
AONDE

Ambos são advérbio usados para indicar lugares,mas a preposição a de aonde indica que essa palavra deve vser usada somente quando estiver relacionada a verbos que pedem tal preposição e a orações que sugerem movimento.
Ex.:Aonde você vai?
É usado com vrbos ir, chegar,retornar e outros que pedem preposição.


ONDE
Indica permanência,o lugar em que se estáou em que se passa algum fato.Usado com verbos que exprimem permanência e que normalmente pedem a preposição EM.
Ex.:

Onde está minha camisa?(em que lugar)


Veja:

De ONDE você está falando?

Sei ONDE ele mora.


Aonde você está me levando.

Aonde ele estava indo?

Dica;Para conferir se o uso está correto basta substituir AONDE por PARA ONDE.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

DICAS DE PORTUGUÊS

Durante uma partida de futebol,o treinador observa:
"palavras de baixo escalão ofendem O MORAL da torcida.Mas, a torcida extremamente animada,está com a moral em alta depois do jogo.

Afinal,

O MORAL ou A MORAL?

A MORAL: è o conjunto de normas de conduta,os princípios que regem os bons costumes de uma sociedade.
A MORAL também pode ser conclusão ou propósito.
Ex.:Qual é a moral desta história?


O MORAL: diz respeito ao ânimo,a disposição, ao estado de espírito.
Ex.:O MORAL da torcida estava alto.





DICA: A causa da confusão é que a palavra moral pode ser um substantivo masculino ou feminino.Por isso,ocorrem dúvidas ao falar ou escrever.



PORTANTO:

Palavras de baixo escalão ofendem a moral da torcida.(CORRETO)

Mas,a moral está em alta.(CORRETO)
O moral do aluno está baixo.(CORRETO)
O ânimo do aluno está baixo

sábado, 3 de abril de 2010

FÁBULA

Fábula dos coelhos
Era hora de ir para a cama, e o Coelhinho se agarrou firme nas longas orelhas do Coelho Pai. Ele queria ter certeza de que o Coelho Pai estava ouvindo.
- Adivinha quanto eu te amo? - disse ele.
- Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar - respondeu o Coelho Pai.
- Tudo isso - disse o Coelhinho, esticando seus bracinhos o máximo que podia.
Só que o Coelho Pai tinha os braços mais compridos. E disse:
- E eu te amo tudo isto !
Huuum, isso é um bocado, pensou o Coelhinho.
- Eu te amo toda a minha altura - disse o Coelhinho.
- E eu te amo toda minha altura - disse o Coelho Pai.
Puxa, isso é bem alto, pensou o Coelhinho. Eu queria ter os braços compridos assim.
Então o Coelhinho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta cabeça, apoiando as patinhas na árvore.
- Eu te amo até as pontas dos dedos de meus pés!
- E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés - disse o
Coelho Pai balançando o filho no ar.
- Eu te amo a altura de meu pulo! - riu o Coelhinho saltando, para lá e para cá.
- E eu te amo a altura do meu pulo - riu também o Coelho Pai e saltou tão alto que suas orelhas tocaram os galhos das árvores.
- Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio - gritou o Coelhinho.
- Eu te amo até depois do rio até as colinas - disse o Coelho Pai.
É uma bela distância, pensou o Coelhinho.
Ele estava sonolento demais para continuar pensando.
Então ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite.
Nada podia ser maior do que o Céu.
- Eu te amo ATÉ A LUA! - disse ele, e fechou os olhos.
- Puxa, isso é longe disse o Coelho Pai. Longe mesmo!
O Coelho Pai deitou o Coelhinho na sua caminha de folhas. E então se inclinou para lhe dar um beijo de Boa Noite.
Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo:
- Eu te amo até a lua...IDA E VOLTA !
Fábula de Sam Mc Bratney
Moral da estória
QUEM AMA NÃO MEDE SACRIFÍCIOS
FELIZ PÁSCOA

DICAS DE PORTUGÊS

Dicas de PORTUGÊS

Hoje o “DICAS DE PORTUGUÊS ENFOCA ALGUNS DOS ERROS MAIS COMUNS RELACIONADOS A LÍNGUA:

Marcos,quero estar em sua compahia.
Marcos ,quero estar em sua compania.


Acertou que escolheu a primeira opção.A palavra compania não existe
È inaceitável a pronuncia compania.
OPTO/ OPITO


Opto Presente do indicativo a pessoa do singular.Ex.;Eu opto pela
Música de número dois.
OPITO CONJUGAÇÂO que não existe.Portanto o correto e dizer:

OPTO.
Convir
Sandra,faça quando isso lhe CONVIR
Sandra,faça quando isso lhe convier
Convir segue a conjugação do verbo “vir”.Significa ser útil,coveniente.
O correto então é;
SANDRA,FACA ISSO QUANDO LHE CONVIER.
Perda /perca

Perda (verbo perder)
Espero que você perca a timidez
Espero que você perda a timidez


Opção correta

ESPERO QUE VOCÊ PERCA A TIMIDEZ.

Até a próxima!

segunda-feira, 29 de março de 2010

MENOS/MENAS?

Vamos comentar sobre MENOS/MENAS?


Taí um descuido que nos fere os ouvidos.Mas acreditem, ainda hoje existe dúvida no emprego da palavra menos.
Por que menas nem pensar não é, minha gente?


OBSERVEM:

* EM QUANTIDADE MENOR:
Eu tenho menos lápis que você.

*EM INTENSIDADE:
Eu tenho menos força que você


PREPOSIÇÃO:( exceto,salvo)


Vamos todos,menos Mário.


A DICA É:
Use sempre MENOS.MENAS NÃO EXISTE NO DICIONÁRIO NEM É CONSIDERADO PALAVRA.

BOM SABER,NÃO É.Até a próxima!

domingo, 28 de março de 2010

MEIO OU MEIA?

VEJA AS DICAS::






» Meio/Meia DICA DE PORTUGUÊS



• Meio e meia são expressões que fazem parte do nosso “universo” vocabular e comumente nos esbarramos na maneira correta de como utilizá-las.

Estou meia/meio ocupada hoje?

Dependendo da classe morfológica em que ocupam, podem variar de acordo com o contexto.

A expressão “meio” ora se comporta como adjetivo, ora como advérbio. Quando assumem o papel de adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem.

No caso da função de advérbio, refere-se a um verbo, a um adjetivo ou a outro advérbio, permanece, portanto, invariável. Vejamos o exemplo:

A porta esta meio fechada

Neste caso, meio, ocupa a posição de advérbio de modo.

Tomou meio litro de leite

Já neste, funciona como adjetivo.

Além destas expressões, há outras, como é o caso de: bastante, caro, barato, muito, pouco, tornam-se variáveis ou invariáveis, levando-se em consideração a posição exercida dentro da oração. Observemos uma relação das mesmas:
Adjetivo Advérbio
Tomou meio copo de sorvete A janela permanece meio fechada
Ingeriu meia garrafa de vinho Patrícia anda meio preocupada
Bastantes alunos chegaram A menina estudou bastante
Marcaram bastantes gols durante a partida Ela se mostrou bastante simpática
Muitos jovens se ingressam na carreira militar Eles são muito corajosos
Poucas pessoas chegaram para o evento Minha amiga anda pouco aborrecida
Aquelas mercadorias eram caras Estes vestidos custam muito caro
Os ingressos eram baratos Pagamos barato pelo curso de informática

sábado, 27 de março de 2010

ESTA NOTICIA ME DEIXOU FELIZ...

Ontem ao ligar a tv deparei-me com uma boa matéria.Eu que ando preocupada com o rumo que o destino vem dando a nossa língua portuguesa ou com o uso que estamos fazendo dela.
Já era tempo!Alguém resolveu salvá-la.
Você já reparou como nossa lingua anda carregada de gírias,abreviaturas(a linguagem rápida usada no computador),estrangeirismo.
Chega de copiar o que vem de fora.Precisamos ser cultos,mas valorizando aquilo que é nosso.
Pra que dizer "Come see me" se é mais bonito e bem mais fácil dizer:venha me ver.
Mas,como dizia a matéria era sobre a língua portuguesa:
"PROJETO QUER TORNAR O PORTUGUÊS MAIS CONHECIDO
Embaixadores,escritores,jornalista e professores estiveram reunidos em Brasilia,para encontrar formas de fortalecer e expandir o uso da língua portuguesa.O grande desafio é tornar nossa língua conhecida no mundo todo.
Há quase 500 anos começou a trajetória da língua portuguesa que hoje é falada por245 milhões de pessoas em 08 países.A meta agora é ensinar a língua aos estrangeiros."

sexta-feira, 26 de março de 2010

por que:


è usado quando pode ser substituído por (pelo qual,pelos quais,pelas quais)


Está a a causa por que foi demitido.

Está é a oportunidade por que espero.



Por quê:


Quando vier antes de um ponto interrogativo,final,exclamativo deve ser acentuado.


Andar cinco quilômetros,por quê?Vamos de carro.



Porque:

Usa-se para indicar causa.

A situação da saúde no país não melhora porque falta a boa vontade dos governantes.

Quando indica uma explicação

Venha porque fazemos questão de sua presença.



Porquê:

É um substantivo e tem o significado de "o motivo","a razão".observe que ele vem acompanhado de artigo,pronome,adjetivo ou numeral.
Diga-me um porquê para não fazer o que devo.


Não sabemos o porque de sua tristeza.

PORQUÊ????







VOCÊ CONSIDERA O Português UMA LÍNGUA COMPLICADA?
SIM?NÂO?POR QUÊ?
VEJA NOSSA DICA DE HOJE




O USO DO PORQUÊ

quarta-feira, 24 de março de 2010

________________________________________

Dicas de Redação
» Técnicas de Redação

Redação boa não é aquela em que o aluno apenas escreveu sobre determinado tema, nem aquela em que ele mostrou conhecimento da modalidade culta da língua. Redação boa é aquela cujo autor demonstra vasta cultura geral, prova por meio de raciocínio concludente que sabe argumentar com coerência e apresenta deduções que denotam a verdade de sua conclusão por se apoiar em premissas admitidas como verdadeiras.
Prezado aluno, elaboramos um roteiro de como desenvolver uma boa redação. Acredite em seu potencial, estude, e tire suas dúvidas com os professores ou plantonistas.


» Dez dicas para fazer uma boa redação
1) Na dissertação, não escreva períodos muito longos nem muitos curtos.
2) Na dissertação, não use expressões como "eu acho", "eu penso" ou "quem sabe", que mostram dúvidas em seus argumentos.
3) Uma redação "brilhante" mas que fuja totalmente ao tema proposto será anulada.
4) É importante que, em uma dissertação, sejam apresentados e discutidos fatos, dados e pontos de vista acerca da questão proposta.
5) A postura mais adequada para se dissertar é escrever impessoalmente, ou seja, deve-se evitar a utilização da primeira pessoa do singular.
6) Na narração, uma boa caracterização de personagens não pode levar em consideração apenas aspectos físicos. Elas têm de ser pensadas como representações de pessoas, e por isso sua caracterização é bem mais complexa, devendo levar em conta também aspectos psicológicos de tipos humanos.
7) O texto dissertativo é dirigido a um interlocutor genérico, universal; a carta argumentativa pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada.
8) O que se solicita dos alunos é muito mais uma reflexão sobre um determinado tema, apresentada sob forma escrita, do que uma simples redação vista como um episódio circunstancial de escrita.
9) A letra de forma deve ser evitada, pois dificulta a distinção entre maiúsculas e minúsculas. Uma boa grafia e limpeza são fundamentais.
10) Na narração, há a necessidade de caracterizar e desenvolver os seguintes elementos: narrador, personagem, enredo, cenário e tempo.

Fonte:

CPV - CPV Tecnologia Educacional

DICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO

terça-feira, 23 de março de 2010

TIRA DÚVIDAS

A partir de hoje você econtrará neste blog o tira dúvidas de português.Entre e confira.Depois deixe seu comentário.



Vírgula pode ser uma PAUSA... ou não
O USO DA VÍRGULA

Não, espere.
Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

Detalhes Adicionais
SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA.

Se você for mulher, certamente colocou a vírgula depois de MULHER.
Se você for homem, colocou a vírgula depois do verbo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Planeta ÀGUA Guilherme Arantes

Em uma análise da música "Planeta Àgua de Guilherme Arantes percebemos a riqueza desta composição.
O cuidado na elaboração da letra e a perfeita sintonia entre melodia e letra.
Neste dia MUNDIAL DA ÀGUA,nenhuma outra canção poderia expressar tão bem nossos sentimentos.Observe a letra abaixo:
Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...

Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...

Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)

Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...

Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...

Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...

Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)

sábado, 20 de março de 2010

Rita Oliveira

Rita Oliveira22de março DIA MUNDIAL DA ÁGUA


Dia Mundial da Água


Água: um bem natural que deve ser preservado

História do Dia Mundial da Água
O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.
Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) esta sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a “Declaração Universal dos Direitos da Água” (leia abaixo). Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar idéias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

Declaração Universal dos Direitos da Água
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Clique aqui: milhares de poetas e críticos da lusofonia!













Um esboço de Da Vinci






Castro Alves


O Navio Negreiro
(Tragédia no mar)


'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.


'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...


'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...


'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...


Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.


Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!


Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!


Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!


Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia,
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................


Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!


Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.



II



Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.


Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!


O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!


Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!...



III



Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!



IV



Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...


Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."


E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...




V



Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!


Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...


São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...


São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.


Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
...Adeus, ó choça do monte,
...Adeus, palmeiras da fonte!...
...Adeus, amores... adeus!...


Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.


Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...


Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...



VI



Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...



Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!



São Paulo, 18 de abril de 1869.
(O Poeta, nascido em 14.03.1847,
tinha apenas 22 anos de idade)

DIA NACIONAL DA POESIA

Todo, dia é dia de poesia.Em todos os cantos do mundo,em todos os momentos,há alguém evocando sensações.
No dia 14 de março comemora-se o dia nacional da poesia em homenagem ao grande poeta brasileiro Castro Alves que nasceu nesta data.Castro Alves morreu de tuberculose na capital baiana Salvador em 06 de julho de 1871.Castro Alves, poeta romântico ,escreveu poemas importantes como o navio negreiro
e ficou conhecido como o poeta dos escravos.
A poesia está sempre presente na vida.A poesia não está apenas nos livros está também nas coisas,nos momentos diversos,nas várias situações.
A poesia é um mundo feito de palavras e sensações,é o redescobrir das palavras.

domingo, 7 de março de 2010

MULHER

Mulher- 08 de Março-





DIA INTERNACIONAL DA MULHER








Dia Internacional da Mulher
Seja inteligente
Seja carinhosa
Seja batalhadora
Seja delicada
Seja linda
Seja sensivel
Seja romântica
Seja sensual
Seja sincera.
Seja você sempre.
Seja Mulher!
Parabéns pelo seu dia.
Autor Desconhecido

sábado, 6 de março de 2010


Pontos fundamentais:

-È fundamental que a escola enfatize a leitura e recomende ao menos um livro não didático por mes.

-Que a escola prepare a criança para ter uma visão globalizada,estude pelo menos uma língua estrangeira.

_A escola deve promover feiras e eventos culturais.

Atitudes que fazem a diferença:

Pergunte como os professores resolvem os problemas de disciplina
Observe pátios e dependência da escola e atente para a limpeza do local
Informe-se saobre a quantidade e a qualidade das tarefas de casa.

Saiba como avaliar as escolas


Especialistas em educação destacam o que os pais devem considerar nas visitas às escolas candidatas a receber seus filhos.
Confira artigo da Revista Veja reportagem de Camila Antunes:
"A maior parte dos estudos demonstra que o que mais faz diferença no desempenho acadêmico de um aluno não é a escola que ele frequenta,mas o nível socioecoinômico dos pais e dos alunos que compõem a sala.Explica-se:as crianças que tem o hábito de ler e observar os pais em trabalhos intelectuais,chegam à sala de aula mais preparadas do que outras que vivem num ambiente sem estímulos ao estudo.
é este o argumentro que justifica o esforço dos pais em encontrar escola apropriada para seus filhos.



Encontre a resposta lendo este artigo puplicado pela revista VEJA.

segunda-feira, 1 de março de 2010




CASA DE RUBEM BRAGA

CRONICAS

Crônicas de Rubem Braga



________________________________________


O AUTOR

Rubem Braga nasceu no dia 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, filho de Francisco de Carvalho Braga e Rachel Cardoso Coelho Braga. As lembranças da infância em Cachoeiro, cercadas de lirismo, inundam as crônicas do “velho Braga”. Em textos como “Praga de menino” , “Lembrança de Zig” ou “O Cajueiro”, narrados na primeira pessoa, a infância na cidade natal é recontada de forma explícita e amorosa. Em outros, como “Tuim criado no dedo” e “Negócio de Menino”, sua memória de caçador de passarinhos ecoa nas personagens infantis.
Em 1928 começa a escrever, já como cronista, no jornal Correio do Sul, fundado, em sua cidade natal, por seus irmãos Jerônimo e Armando. No mesmo ano, muda-se para Niterói, e lá conclui o curso secundário. No ano seguinte, matricula-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em que cursa os dois primeiros anos. Em 1931, transfere-se para Belo Horizonte, Minas Gerais, onde conclui, em 1932, o curso de Direito. No início desse ano, publica sua primeira reportagem no Diário da Tarde. Passa a escrever crônicas e cobre a revolução constitucionalista para os Diários Associados. Como os Diários eram favoráveis à revolução, seus artigos eram censurados e Rubem Braga acaba sendo preso, ainda aos 19 anos, sob a acusação de espionagem.
Logo solto, transfere-se, em 1933, para São Paulo, onde escreve crônicas para o Diário de São Paulo. Nesse jornal, tem como colegas Antônio de Alcântara Machado e Mário de Andrade, dos quais se torna grande amigo. O primeiro, ao se mudar para o Rio de Janeiro, em 1935, o convida para trabalhar no Diário da Noite. Após a morte precoce de Alcântara Machado, ainda em 1935, Braga transfere-se para Recife, Pernambuco, onde trabalha na página policial do Diário de Pernambuco e funda o jornal Folha do Povo, anti-getulista. Ainda no mesmo ano, muda-se para Porto Alegre e acaba retornando ao Rio de Janeiro, empregando-se no jornal de esquerda A Manhã.
Na onda de repressão que sucedeu a malograda tentativa de golpe comunista de 1935 -- retratada por Rubem Braga em crônicas como “Diário de um subversivo” , “Era uma noite de luar” e “Os perseguidos” -- o jornal A Manhã é fechado e Rubem Braga perde o emprego. Mas, em 1936, publica O Conde e o Passarinho, seu primeiro livro, reunindo crônicas selecionadas. O livro é recebido com entusiasmo, e marca o início de uma carreira singular na literatura brasileira: a do cronista que deixa as páginas efêmeras dos jornais para eternizar suas crônicas em livro.
Entre 1936 e 1944, Braga passou anos difíceis, arrumando empregos esporádicos em jornais de Belo Horizonte, do Rio e de São Paulo, sempre fugindo da repressão do Estado Novo. Em 1944 é enviado à Europa como correspondente de guerra pelo Diário Carioca. Acompanha a Força Expedicionária Brasileira em sua campanha na Itália até o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao retornar ao Brasil, publica o livro Com a FEB na Itália, reunindo suas melhores crônicas do período. Esse livro faria enorme sucesso, consagrando definitivamente o nome de Rubem Braga como um grande escritor brasileiro.
Passa os anos seguintes trabalhando em jornais no Rio e em São Paulo - suas constantes viagens entre as duas cidades aparecem na crônica “Um braço de mulher”, passada na ponte aérea. Ainda em 1946 cobre a primeira eleição de Juan Perón, na Argentina. Passa o ano de 1950 como correspondente do Correio da Manhã em Paris. Em 1955 é nomeado chefe do Escritório Comercial do Brasil, em Santiago do Chile, cargo em que permanece apenas alguns meses, retornando a Brasil e ao jornalismo. No ano seguinte cobre a reeleição do presidente Eisenhower, nos Estados Unidos.
Em 1960, funda, com o amigo Fernando Sabino, a Editora do Autor. Entre 1961 e 1963, serve como Embaixador do Brasil em Marrocos, na África. Como sempre, regressa a Brasil e ao jornalismo. Entre 1967 e 1971 torna-se novamente sócio de Fernando Sabino na Editora Sabiá. Em 1975 é contratado pelo departamento de jornalismo da TV Globo, onde permanece até morrer, no dia 19 de dezembro de 1990.
Vivendo em inúmeras cidades, trabalhando em incontáveis jornais, Rubem Braga colecionou uma infinidade de amigos durante a vida. Ao completar 50 anos, recebeu esta homenagem de um certo amigo poeta, que não podemos deixar de registrar:



RUBEM BRAGA, PROFESSOR DE LUCIDEZ
Carlos Drummond de Andrade
Rubem Braga tinha 18 anos e já se impusera como cronista em Belo Horizonte. Fazia no jornal "Estado de Minas" uma coluna de leitura obrigatória. Sempre andejo, lá um dia viajou, deixando de escrever. Mas o jornal resolveu engambelar os leitores, publicando uma crônica de outro, com assinatura dele. Braga leu e telegrafou ao diretor Afonso Arinos: "Não useis meu santo nome em vão".
Impossível usar o nome de Braga dando a sensação da prosa de Braga. Ela é patenteada. Seus elementos -- sensualidade, ternura, anarquismo, tédio, poesia, humour --, soltos, são manipuláveis por qualquer um. Reunidos, formam um composto especificamente braguino, que até dispensa assinatura. E como ele tem imitadores! Imitam, apenas.
Lembro-me muito do cronista jovem, esquivo e desconcertante. Ele namorava uma mocinha loura da Secretaria do Interior, e não era raro ver o relato dos tristes ou alegres passos do seu idílio, sob forma de crônica. Ninguém ousara fazer isso antes e ninguém pensava em estranhá-lo, pois era deliciosamente bem feito. Braga se tornou menestrel de todos os namorados sem expressão artística, e até dos que haviam namorado há muito tempo e voltavam a sentir o gosto da coisa, através do lirismo dele.
Pois um rapaz assim, apaixonado (à sua maneira) pela loura filha do Clarindo, um dia nos aparece correspondente do jornal no "front" da Revolução Constitucionalista de 1932, e logo se boqueja que ele era um espião terrível dos paulistas entre mineiros, espião que seria conveniente prender, submeter a corte marcial e, quem sabe, fuzilar. Oh, imaginação! (Mas a cara dele era meio russa, não sei.) Numa crônica, Braga confessa: "Eu era espião; era espião da vida no meio da morte. A guerra era demasiado estúpida para não me fazer sorrir, eu não reconhecia aliados nem inimigos; apenas via homens pobres se matando para bem dos homens ricos; apenas via o Brasil se matando com armas estrangeiras". Quem via essas coisas, sem a névoa passional que perturbava tanta gente, era um mocinho de 19 anos, que escreveria aos 34: "Eu observo as coisas com dois olhos que, embora castanhos e mesmo tirantes a verde, vêem este mundo com bastante clareza".
E esta é a qualidade mestra e inesperada de Braga: lucidez. Um homem que diz tantas coisas absurdas ou surrealistas pode lá ser bom observador da vida? Perfeitamente. Sempre que necessário, Braga emite juízos ponderados sobre fatos políticos, econômicos, sociais, e se nem sempre ou quase nunca sua opinião coincide com a opinião estabelecida ou vitoriosa, isto nada prova contra a justeza da sua visão intelectual e o seu bom senso; prova apenas que tais atributos não gozam de muito favor na coletividade.
Não é, porém, a clareza da apreciação de Braga, ante os acontecimentos por assim dizer jornalísticos, que impressiona. É sua clareza diante da vida em si, e das coisas naturais. Como espião da vida parecendo chateado, mas interessadíssimo -- anota os maravilhosos fenômenos da primavera e do verão, que passam despercebidos ao comum, e extrai deles o máximo proveito existencial. As artes da caça, da pesca e do amor, a observação constante do vento noroeste, o contato com praia e águas correntes, água corrente ele mesmo, a notícia de passarinhos, insetos, frutas, paisagens, a celebração quase litúrgica das graças e mistérios da mulher (para ser gentil, um dia ele me disse em carta que gostaria de me presentear com uma pequena fragata e quatro ou cinco mulheres), o dom de sentir, valorizar e distribuir a natureza como um bem de que andamos todos cada vez mais precisados -- esta a lição de Braga, "lição de insaciável liberdade e gosto de viver", que é grato proclamar no dia em que o admirável professor completa cinqüent'anos com a naturalidade, o gosto da vida e da terra, e o intenso sentimento poético e humano que tinha aos dezenove.

17 de janeiro de 1963


A Obra

A obra de Rubem Braga, escrita durante 62 anos de vida jornalística, não se resume aos livros que publicou. Neles, o “velho Braga” reuniu apenas uma pequena parcela das cerca de 15 mil crônicas que escreveu. Destinadas ao jornal, veículo de consumo imediato e de permanência efêmera, a maior parte de suas crônicas ainda está por ser reunida em livro.
Rubem Braga foi “o primeiro a elevar a crônica ao nível da mais alta categoria literária ”, como o colocaram Antonio Candido e José Aderaldo Castello. Poeta bissexto, Braga foi o primeiro escritor brasileiro a notabilizar-se única e exclusivamente através das crônicas. Seus poemas só foram reunidos em volume em 1980, quando já era um escritor consagrado. Nunca escreveu romances ou contos, e mesmo o livro “Melhores Contos de Rubem Braga” reúne exclusivamente crônicas.
Para chegarem a ser publicadas em livro, as crônicas de Rubem Braga passavam por um criterioso processo de escolha. Só aquelas que considerava realmente as melhores sobreviviam. Essas, por sua vez, eram novamente peneiradas e, melhores das melhores, eram republicadas nas antologias. Primeiro as 50 melhores, depois as 100 e finalmente as 200 Crônicas Escolhidas, livro que reúne, de fato, a parcela mais significativa de sua obra.
Seus livros publicados foram:

 O Conde e o Passarinho, 1936.
 O Morro do Isolamento, 1944.
 Com a FEB na Itália, 1945.
 Um Pé de Milho, 1948.
 Um Homem Rouco, 1949.
 50 Crônicas Escolhidas, 1951.
 Três Primitivos, 1954.
 A Borboleta Amarela, 1955.
 A Cidade e a Roça, 1957.
 100 Crônicas Escolhidas, 1958.
 Ai de Ti, Copacabana, 1960.
 A Traição das Elegantes, 1967.
 200 Crônicas Escolhidas, 1977.
 Livro de Versos, 1980.
 Recado de Primavera, 1984.
 Os Melhores Contos de Rubem Braga, 1985.
A Crônica
A crônica não é um gênero maior, já escreveu Antonio Candido. Graças a Deus, completa o crítico, porque sendo assim ela fica perto de nós. (...) Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como compensação sorrateira, recuperar com a outra mão uma certa profundidade de significado e um certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada embora discreta candidata à perfeição.
Fruto do jornal, onde aparece entre notícias efêmeras, a crônica é um gênero literário que se caracteriza por estar perto do dia-a-dia, seja nos temas, ligados à vida cotidiana, seja na linguagem despojada e coloquial do jornalismo. Mais do que isso, surge inesperadamente, como um instante de alívio para o leitor fatigado com a frieza da objetividade jornalística.
De extensão limitada, essa pausa se caracteriza exatamente por ir contra a tendências fundamentais do meio em que aparece, o jornal diário. Se a notícia deve ser sempre objetiva e impessoal, a crônica é subjetiva e pessoal. Se a linguagem jornalística deve ser precisa e enxuta, a crônica é impressionista e lírica. Se o jornalista deve ser metódico e claro, o cronista, segundo Décio de Almeida Prado, se tem em mente algum fim, algum objetivo -- o pressuposto é que não possua nenhum -- deve conduzir-nos a ele sem que percebamos, movido, aparentemente, pelo método menos metódico que existe: o do assunto puxa assunto.
Se o jornal é frio, na crônica estabelece-se uma atmosfera de intimidade entre o leitor e o cronista, que refere experiências pessoais ou expende juízos originais acerca dos fatos versados.
A crônica não é, portanto, apenas filha do jornal. Trata-se do antídoto que o próprio jornal produz. Só nele pode sobreviver, porque se nutre exatamente do caráter antiliterário do jornalismo diário.

A Importância de Rubem Braga

Em 1989, cerca de um ano antes de sua morte, Rubem Braga escreveu, em sua coluna da Revista Nacional, uma das mais ácidas descrições do ofício a que dedicou toda a vida, o de cronista: Respondo que a crônica não é literatura, e sim subproduto da literatura, e que a crônica está fora do propósito do jornal. A crônica é subliteratura que o cronista usa para desabafar perante os leitores. O cronista é um desajustado emocional que desabafa com os leitores, sem dar a eles oportunidade para que rebatam qualquer afirmativa publicada. A única informação que a crônica transmite é a de que o respectivo autor sofre de neurose profunda e precisa desoprimir-se. Tal informação, de cunho puramente pessoal, não interessa ao público, e portanto deve ser suprimida.
O que a auto-ironia corrosiva do "velho Braga" não deixa transparecer é a elevação de status que a sua própria obra propiciou à crônica no Brasil durante os últimos 60 anos. De subliteratura, passou a ser considerado um gênero literário respeitável e digno de estudo. E já era tempo. Afinal, a crônica vem sendo praticada assiduamente, no Brasil, por muitos dos nossos maiores escritores, desde que os jornais passaram a ser centros importantes da vida cultural e intelectual no país.
Em 1854, o então jornalista José de Alencar começa a escrever uma seção diária no Correio Mercantil, intitulada Ao Correr da Pena, em que comenta os mais variados assuntos da vida do Rio de Janeiro e do país. Esses textos leves de temática cotidiana, com pitadas de lirismo e, muitas vezes, humor, podem ser considerados os precursores da crônica moderna. Seguindo esta mesma linha, Machado de Assis contribuiu durante toda a sua carreira com crônicas para diversos jornais.A produção do Machado cronista se inicia já em 1859 e se estende até 1904, com raras interrupções. Sua produção mais madura e interessante foi publicada na colunas do jornal Gazeta de Notícias, em que contribui de 1881 a 1904: Balas de Estalo (1883-1885), Bons Dias! (1888-1889) e principalmente na célebre coluna A Semana (1892-1897).
No final do século XIX vários escritores se destacaram como cronistas. De fato era na produção de crônicas, muitas vezes diárias, que ficcionistas como Artur Azevedo, Coelho Neto e Medeiros de Albuquerque, ou poetas como Olavo Bilac - seguramente um dos nossos mais férteis cronistas, chegando a escrever, durante anos, mais de uma crônica diária para diferentes jornais - encontraram seu ganha-pão através da literatura.
No início do século, destacam-se as crônicas do jornalista João do Rio, hábil repórter, que descreviam com vivacidade as ruas agitadas do Rio de Janeiro na belle époque. Na São Paulo do início do Modernismo, Menotti del Picchia e Antônio de Alcântara Machado valeram-se de suas produções de cronistas para divulgar os ideais da Semana de Arte Moderna.
Rubem Braga, portanto, não inventou a crônica entre nós. Quando, em 1936, surge seu primeiro livro de crônicas, o gênero já tinha uma longa e fértil história nesse país. No entanto, na obra de todos os escritores citados acima, de José de Alencar a Antônio de Alcântara Machado, a produção de crônicas figura sempre como uma parcela de menor valor, como uma produção efêmera e secundária. Olavo Bilac, por exemplo, escreveu muito mais crônicas do que poemas em sua vida, mas é sempre lembrado como um poeta que se dedicou a um "gênero menor" apenas para se sustentar.
Já Rubem Braga, como bem o colocou José Paulo Paes, é um caso único de autor que entrou para nossa história literária exclusivamente pela sua obra de cronista. Com uma visão entre lírica e irônica da vida, e um estilo admiravelmente dúctil e pessoal, logrou ele, como ninguém, dar nobreza literária ao gênero .
Conferiu ele tanta nobreza ao gênero que este passou a ser tratado em condições quase iguais ao seu "irmão mais elevado", o conto. E foi além. Como o colocou Jorge de Sá, diluindo as fronteiras entre os gêneros crônica, conto e poema em prosa, Rubem Braga consagrou a crônica como um gênero literário ficcional que muitas vezes se confunde com o conto, diferenciando-se apenas na densidade do tratamento temático e na construção de personagens: se o conto se concentra na complexidade das relações e em jogos de linguagem mais elaborados, a crônica mantém sua aparência de conversa fiada estabelecida entre o cronista (ele mesmo narrador) e o leitor virtual.
A inclusão das -- segundo seu próprio autor, subliterárias -- crônicas de Braga em um coleção como a de Melhores Contos, da Editora Global, que inclui autores como Machado de Assis, Clarice Lispector, Eça de Queirós e Mário de Andrade, reforça essa idéia. As crônicas de Rubem Braga selecionadas pelo Prof. Davi Arrigucci Jr. transformaram-se, assim, num passe de mágica e de imprecisão terminológica, nos Melhores Contos de Rubem Braga. Mas não deixam de ser crônicas e nem por isso deixam de ser literatura da mais alta qualidade.
Os Melhores Contos De Rubem Braga (1985)
Este volume é uma antologia de crônicas de Rubem Braga selecionadas pelo professor Davi Arrigucci Jr.. Reúne 39 crônicas na seguinte ordem:
Síntese dos Enredos
1. Tuim criado no dedo - Menino, durante férias em cidade do interior, cria um tuim, o menor dos periquitos brasileiros, "no dedo", ou seja, o ensina a obedecer seus chamados e deixa-o viver livre, fora da gaiola. Quando a família retorna a São Paulo, o tuim foge e é aprisionado por outra família. Recuperando-o, o menino corta-lhe as asas. Mas, no instante seguinte, o tuim é devorado por um gato.

2. Diário de um subversivo - No "remoto ano de 1936", durante a perseguição getulista aos comunistas após a Intentona de 35, o narrador apresenta sua fuga da repressão, em forma de diário, do dia 15 de fevereiro ao dia 1o de março. Adotando pseudônimo, finge-se alienado em conversas com integralistas que vivem na pensão onde mora. Procurado pela polícia na pensão, é auxiliado por velho conhecido, Edgar, que o abriga em sua casa. Ao poucos vai se envolvendo com a mulher de Edgar, Alice. Afirma que se "tivesse qualquer coisa com essa mulher, seria o último dos canalhas." Termina a crônica afirmando laconicamente: "Sou."

3. A moça rica - Relincho de cavalo desperta em pescador humilde a memória de uma moça rica que viera do Rio. Usando calças, caçando e pescando, a moça de início o assusta, mas, em seguida, ao cantar, o encanta. Dois anos mais velha do que ele, pára um dia na praia solitária para conversar com o rapaz, que, assustado e ingênuo, esquiva-se de suas tentativas de aproximação e deixa escapar a chance de se envolver com a moça bonita e rica.

4. O jovem casal - Casal jovem espera o bonde. Lutam contra a miséria vivendo em uma pensão barata e suja. Vivem na feiúra de uma "vida estreita". Não podem pegar o ônibus por ser muito caro, sofrem de dores de cabeça e dentes, mas tratam-se com carinho e amor. Pára, à sua frente, um automóvel de luxo com um casal. A mulher diz, no momento em que o carro partia, que iria comprar um anel por quinze contos. O rapaz ouve isto como se fosse um soco em seu estômago mal alimentado. Com esse dinheiro, poderia pagar anos de pensão e aliviar o sofrimento de sua amada. Chega o bonde.

5. Negócio de menino - Diálogo entre um menino e o narrador, vendedor de passarinhos. O garoto vai intercalando perguntas sobre os pássaros e pausas até pedir ao narrador um passarinho de presente e depois sair correndo.

6. Coração de mãe - Marina e Dorinha são irmãs e moram com sua mãe, dona de pensão no bairro do Catete, no Rio de Janeiro. Loiras, de olhos azuis, vivem cantando. Certa noite, as moças chegam já de madrugada e "um pouco tontas". A mãe, dona Rosalina, briga com as filhas. No dia seguinte, ouve Marina ao telefone referindo-se a ela como "a velha" e as expulsa de casa. Na rua, o "cavalheirismo do bairro" se manifesta e as moças recebem várias propostas de ajuda dos "bondosos homens". Porém, são interrompidos pela mãe, que manda as filhas de volta para casa. Conclusão do narrador: não há nada no mundo como o coração de mãe.
7. Marinheiro na rua - De madrugada, na rua deserta, um "pequeno marinheiro" bate à porta de um edifício às escuras, observado do alto e à distância pelo narrador. O som da batida chega uma fração de segundo após o gesto, o que desperta no narrador uma recordação da infância e, depois, uma série de idéias, como a suspeita de que talvez o marinheiro fosse seu filho ou ele mesmo e dentro do prédio estivesse sua amada. A porta não abre e o marinheiro, cansado de bater, segue pela calçada até o narrador o perder de vista. O narrador olha, então, para a fachada do prédio e todas as luzes se acendem. O edifício fica maior e começa a se mover como um grande navio, partindo lentamente.

8. O homem da estação - Numa aldeia, na França, o narrador procura hospedagem para passar a noite. Ninguém lhe dá abrigo. Anda pelo campo e um homem de bicicleta pára e lhe pergunta se precisa de alguma coisa. Responde que não achou lugar para dormir e está indo para outra aldeia. O homem indica ao narrador onde fica a estação da estrada de ferro em que trabalha e informa que virá um trem em duas horas. Quando chega na estação, o homem lhe preparou uma cama e lhe oferece vinho. O narrador bebe "em silêncio à saúde de um homem que não teme nem despreza outro homem.
9. Falamos de carambolas - Narrador conta uma conversa com uma amiga (?) em um bar. Falam de sorvetes e frutas até que ele pergunta o que o médico disse. Ela responde vagamente que era uma síndrome e não iria se enganar. O narrador afirma que é pessimismo dela. Ela nega, hesita, mas não pronuncia o nome da doença, para alívio do narrador. Mudam de assunto e, enquanto conversam, o narrador pensa que é insuportável saber que ela morreria. Ela critica o seu bigode e ele pergunta por que ela não toma conta dele. Ela "ri uma risada... clara, alegre, ... como o cristal..., que se parte tão fácil."
10. Era uma noite de luar - O narrador conta sobre uma noite, na época da repressão do Estado Novo, em que foi levar notícias à Marina, mulher de Alberto, um militante comunista preso. Descreve as precauções que tinha que tomar e a conversa com Marina, que está sem dinheiro, solitária, triste e cansada de se esconder. Durante a conversa, o narrador abre uma banda da janela para jogar o cigarro e comenta que o luar está bonito. Ela se aproxima da janela e ele abre a outra banda. Então ela fecha a janela com brutalidade, chama-o de estúpido, pois "está sozinha desde a prisão do marido", manda-o embora, atira-se na cama e começa a chorar.

11. Viúva na praia - Narrador conta que viu a viúva na praia com o filho e deitou-se na areia para contemplá-la. Conhecera vagamente o marido dela no café da esquina, onde soube que ele ficara muito tempo doente antes de morrer. Descreve a beleza da mulher e pensa que, se fosse ele o marido, ficaria ressentido ao saber que, poucos dias depois da sua morte, um estranho estaria olhando o corpo de sua mulher, mesmo que discretamente. Mas ele é o outro homem, está vivo, e sente-se, por isso, superior. Descreve a viúva depois de um mergulho e conclui que o sol ama a viúva.

12. A navegação da casa - O narrador é um senhor, brasileiro, que saiu do hotel e está numa casa antiga, em Paris. É abril, início da primavera. Seus amigos fazem uma festa. O narrador sente-se alegre e diz que a casa parece uma velha fragata tripulada por bêbados. Quando a festa termina, anda sozinho pela casa, imaginando os invernos difíceis que os antigos moradores lá passaram. No dia seguinte está muito frio. Os amigos chegam e ele acende todas as lareiras. As luzes são apagadas e o narrador - diante do fogo - imagina que lá estão também os fantasmas dos antigos amigos. Lembra de um sagüi - presente para a sua noiva, que ele, por distração, deixara morrer de frio em Belo Horizonte, assim como "matamos, por distração, muitas ternuras". Por fim, pensa em meninos, "em um menino".

13. Aula de inglês - Crítica ao famoso "método Berlitz", de ensino de línguas através de perguntas e respostas. A professora pergunta em inglês, ao aluno (o narrador), se determinado objeto é um elefante. Após uma cuidadosa análise, ele responde que não. Pergunta, então, se é um livro; prontamente o narrador responde que não. Pergunta se é um handkerchief (lenço), palavra que o aluno não conhece, mas acha antipática e responde que não. À última pergunta, se é um cinzeiro (ash-tray), o aluno responde que sim. A reação eufórica da professora faz o narrador sair satisfeito da sua primeira aula. Pensa em comprar um cachimbo inglês e, se encontrasse o embaixador britânico, imagina "entabular uma longa conversação", em que diria que o cachimbo não é um "ash-tray".

14. Caçada de paca - O narrador conta que uma conversa sobre paca o levou a abandonar a rede, onde descansava, embaixo da mangueira e sair à noite para caçar paca, acompanhado por Anti. Depois de muito andar na noite escura, subindo e descendo morro, pensam que viram uma paca, atiram e matam um cachorro. Discutem se havia paca mesmo, mas na verdade estavam bêbados. Chegam de madrugada e as mulheres ainda riem deles. Para o narrador, Deus fez o domingo, o brasileiro armou a rede e o Diabo inventou a paca.

15. A partilha - Dois irmãos se separam e o narrador transcreve o que um deles, o mais velho, diz, enquanto fazem a partilha dos objetos da casa. Ele deseja ficar com a rede, o retrato da mãe e, principalmente, o canivete do irmão mais novo. Enquanto argumenta, as características de cada um vão sendo descritas, do ponto de vista do mais velho, que sabe pescar e lidar com o canivete, além de fazer os consertos da casa. O mais novo ganha mais dinheiro, escreve cartas e tem namorada. Através do monólogo, nota-se que o mais novo ameaça o irmão com o canivete e este lhe dá o conselho de nunca puxar canivete para outro homem, pois é arma de menino. É melhor dar um tiro com garrucha. Diz que se o matasse naquele momento estaria matando um inimigo, não seria como ele "que levantou a arma contra um irmão". Pega o canivete, reclama que o irmão não presta nem para limpá-lo, mas é bom para outras coisas e despede-se.

16. Noite de chuva - Homem está em casa em noite de temporal, após um dia difícil. Antes de dormir, pensa que há muitos anos adia consertar as coisas, dos dentes a um caso sentimental. Começa a dormir quando Joaquina Maria, "negra velha" que lavava as suas roupas, bate na porta e pede ajuda para tirar o corpo do neto dos escombros do barraco, que fora derrubado pelo temporal. Nada está funcionando na cidade. Deixa a velha na entrada da casa, tenta parar uns carros, bebe uma bagaceira e conta a história num botequim , sentindo que era ridículo o que fazia. Volta para casa pensando que de nada ia adiantar se conseguisse telefonar, pois não conseguiria assistência com aquela chuva. Encontra a velha chorando e diz secamente que arrumou tudo "para amanhã de manhã". Ela vai embora, com um ar desamparado.
17. Os perseguidos - Durante a repressão do Estado Novo, o narrador, acompanhado de Moreira, que ficara um mês preso e fora torturado, chegam ao apartamento indicado. O narrador "tem pena e desgosto" de Moreira, que está sujo e mal vestido. Uma empregada de uniforme os atende, pede que entrem e se sentem. É uma sala luxuosa com uma janela imensa com vista para o mar, que surpreende o narrador: o mar dos ricos é mais amplo, puro e azul do que o mar dos pobres, visto lá embaixo. O narrador inspira o ar salgado e limpo e tem a impressão de que aquele ar não é dele e ele nem o merece, já que o ar dos pobres é quente e parado, com poeira e fumaça.
18. A mulher que ia navegar - Mulher é observada pelo narrador, enquanto se desenrola, numa roda de intelectuais, conversa sobre pintura. Além da mulher e do narrador, participam da roda o marido dela, “todo bovino”, um pintor, uma senhora, um físico e uma outra senhora desquitada. A mulher, junto à janela, está atenta às mudança de cor em seu braço, provocadas por um anúncio luminoso de um edifício em frente. Quando o marido refere-se a certo pintor com uma palavra vulgar, a mulher o olha com "menos zanga do que tédio" e o narrador sente que ela se preparava para enganá-lo, como "um belo barco prestes a se fazer ao mar". Ela procura e escolhe o físico para ser o “ piloto de longo, longo curso” com quem vai navegar.
19. Força de vontade - Narrador conhece comerciante em hotel em Foz do Iguaçu. Ele não tem vícios, é solteiro e mora em São Paulo, com os pais. Durante a conversa, o comerciante comenta que está realizando o último dos seus três ideais: visitar pelo menos um país estrangeiro. Outro ideal, já cumprido, era ter um diploma. Depois do jantar, o narrador cumprimenta o comerciante por ter realizado seu ideal “em duplicata”, afinal visitara dois países, Argentina e Paraguai. O comerciante afirma que provou a sua força de vontade e que, para isso, passara por muitas dificuldades. Mais tarde, o narrador o convida para um passeio de carro, ele recusa e fica no saguão do hotel. Quando o narrador volta para buscar a sua lanterna, o comerciante está com um ar “vazio como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida e acabasse de descobrir isto”.
20. O espanhol que morreu - Em um bar no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, o amigo do narrador é confundido com um espanhol, já falecido, que freqüentava o lugar, era amigo de todos e amado de Sueli. As mulheres, Sueli e Betty, dizem que são idênticos, com a mesma cara triste e jeito de falar. O amigo do narrador se aborrece, diz que “não é espanhol, não trabalha no comércio e nem sequer está morto”. As mulheres contam casos do Espanhol e como foi o seu enterro. O garçom pergunta se ele é irmão do Espanhol. Quando saem, algumas mulheres acompanham os amigos até a escada e o narrador diz ao amigo que aquela despedida era o enterro dele. O amigo, bêbado, sai andando na chuva, falando espanhol e some. O narrador o procura, mas não o encontra e conclui que “na verdade ele é o Espanhol, e morreu”.
21. O rei secreto de França - Em Paris, na primavera, o narrador tem um encontro marcado com uma mulher. Enquanto espera chegar a hora, visita o túmulo de Maria Antonieta e conversa, distraído, com o guarda do lugar. Está ansioso e pensa que se sentia o rei secreto da França porque a “mais fina e bela mulher da França” viria ao seu encontro. Corre ao casarão, local do encontro, toma mais dois conhaques. A mulher chega e diz que aquele seria uma despedida, pois partiria para “remotas suécias”. Ao sair, vai telefonar, enquanto ele entrega a chave do apartamento 14 à velha “concierge”e paga em dobro. A velha diz para ele nunca perder uma mulher como aquela. A mulher sai da cabine, ele beija a sua mão, ela entra no táxi chorando e o narrador a descreve como “a futura Rainha da Suécia, das distantes suécias e noruegas do nunca mais.”

22. Visita de uma senhora - O narrador atende a porta e entra uma moça bonita. Segue-se um diálogo em que o narrador responde “claro” às três primeiras perguntas. A mulher afirma que ele não a conhece, que mora no bairro, é casada, já tinha visto o narrador na praia e pergunta se ele só sabe dizer “claro”. Diz que há muito tempo lia o que o narrador escrevia, e que uma vez ele escreveu algo como se conhecesse todos os segredos dela. Depois pergunta se ele é homem mesmo, chama-o de cínico e afirma ser uma pena ele ser tão velho Então o narrador pergunta o que ela deseja, ela responde que “que gosta muito do marido” e de repente começa a chorar. O narrador sugere que ela vá embora. Ela retoca a pintura, despede-se e vai “embora para nunca mais”.

23. Praga de menino - O narrador conta que, quando menino, ele e seus amigos jogavam bola na rua, em frente à casa das irmãs Teixeiras. Elas eram “suas inimigas” porque brigavam com eles devido ao barulho que faziam e o receio de que quebrassem alguma das inúmeras janelas da casa. Um garoto trouxe uma bola maior e colorida e um dia essa bola quebrou uma vidraça. Uma das irmãs, depois de brigar com eles, cortou a bola com um canivete. Os garotos se vingaram entrando na casa delas quando não havia ninguém, fizeram uma grande bagunça e roubaram um anel sem valor, uma lata de goiabada, uma faca de cozinha e um martelo. Ninguém descobriu quem foi. Os meninos nunca mais jogaram bola diante da casa das Teixeiras e deixaram de cumprimentar aquela que havia cortado a bola. O narrador não sabe se ela foi feliz, mas “se foi, é porque praga de menino não tem força.”

24. Um braço de mulher - Em um vôo Rio de Janeiro-São Paulo, o narrador ocupa-se em acalmar uma senhora sentada ao seu lado, aflita porque o avião, sobrevoando São Paulo, demora a descer. Quando sugere trocar de lugar com a amiga da senhora, ela diz que prefere ter um homem ao seu lado. Ele sente-se útil e responsável. A senhora se acalma e o narrador começa a pensar que realmente estava demorando muito para pousar. Tem a idéia de que a morte deveria ser assim: um nevoeiro imenso... para sempre”. No entanto, a senhora volta a se preocupar e o narrador de repente repara que ela tem um braço “belo, harmonioso e musculado”. Então sente-se despertar, e a idéia da morte, antes agradável, agora é “uma coisa sem a delicadeza e o calor, a força macia de um braço ou de uma coxa...” No aeroporto, o marido da senhora agradece formalmente ao narrador, que se sente um intruso, como se tivesse traído aquele senhor. A senhora lhe dá um pequeno sorriso, “vagamente cúmplice”. O narrador diz que certamente não a verá mais, mas vai demorar para esquecer de seu belo braço que, “durante um instante, foi a própria imagem da vida”.

25. Conto de Natal - Despedidos da fazenda em que trabalhavam, casal de colonos com filho de seis anos caminha em direção à Fazenda Boa Vista, a duas léguas e meia do lugar em que se encontram. A mulher está grávida de oito meses. Começa a chover, ela não pode mais andar. Conseguem carona num carro de bois e chegam à noite na fazenda, que está fechada. Alojam-se junto a um burro e a uma vaca num lugar coberto. Durante a noite, o menino nasce. O carreiro chega e lembra que é Natal. O marido, Faustino, sugere à mulher que chamem o recém-nascido de Jesus Cristo. A mulher não acha graça. O menino de seis anos chama o pai para ver o irmão, embrulhado em trapos em cima do capim. O pai olha. A criança está morta.

26. Lembrança de Zig - O narrador lembra de Zig, o cachorro de sua família, quando era criança em Cachoeiro do Itapemirim. O cachorro era conhecido na cidade por Zig Braga, mordia a todos que estivessem de farda e tinha um profunda amizade por uma gata, com a qual dormia. Essa amizade só se esfriou quando a gata teve cria e os filhotes incomodavam o cachorro. Também seguia pela rua quem saísse da casa e, principalmente, a mãe do narrador, que tinha de prendê-lo quando ia à missa aos domingos. Muitas vezes, ele se soltava e, para desgosto do padre e dos fiéis, cheirava a todos na igreja até encontrar a mãe do narrador, quando então latia e abanava o rabo. Hoje a mãe do narrador está velha e não vai mais à igreja, que é distante. O narrador conclui que Deus deve mandar um santo de vez em quando visitar a sua mãe, na antiga casa e, ao voltar, este deve “se demorar um pouco sob o velho pé de fruta-pão”, onde Zig foi enterrado.

27. Os amantes - O narrador conta sobre os seis dias que passou trancado no apartamento com sua amada, sem atender telefone ou abrir a porta, desfrutando de “um entendimento que era além do amor”. Na manhã que a fome os deixa tontos, ele sai e compra uvas. No entanto, quando volta, o “pequeno mundo” dos amantes foi invadido (o carteiro está lá, o telefone toca e “agora é preciso atender”, as janelas estão escancaradas) e “o milagre se acabara”. No “lento olhar” da mulher, entretanto, “ainda havia uma inútil, resignada esperança.”

28. O sino de ouro - O narrador conta que, em uma localidade no sertão de Goiás, há um sino de ouro numa pequena igreja, cujo som puro se estende, à tarde, pelas matas e cerrados e dá aos homens pobres do lugar uma “ração de alegria”. Os habitantes acham que vivem do sino de ouro, não se importam com nada, fazendo somente o essencial para viver. Não estão interessados em progresso, negócios ou corrupção. O narrador afirma que ouviu essa história de um homem velho, que a contou com espanto e desprezo. Depois, o narrador contou a história para uma criança, cujos olhos diziam que “a coisa mais bonita do mundo deve ser ouvir um sino de ouro”. O narrador acredita que Deus, mesmo que não exista, deve ter a mesma opinião. E conclui que nós, quando crianças, temos, dentro da alma, um sino de ouro que com o tempo vai virando “lama e podridão”.

29. A primeira mulher do Nunes - Na praça Serzedelo Correia, em Copacabana, o narrador vai tomar um táxi e vê uma mulher bonita, com ar de estrangeira, sentada num banco do ponto de táxi. Tem a impressão de que a mulher o segue com os olhos quando se dirige para o táxi e, ao partir, tem a certeza de que tinha visto Marissa, a primeira mulher do Nunes. Explica que nunca a conhecera, devido a uma série de desencontros, mas chegara a se apaixonar, há uns quatro ou cinco anos, graças à descrição que faziam dela e ao momento ruim porque estava passando. Ela ficou sendo um mito e aquela mulher vista na praça em Copacabana correspondia à imagem que o narrador fazia de Marissa. No rápido olhar que trocaram, o narrador acredita ter “lido” a irônica mensagem de que o destino deles era o de nunca se conhecerem.

30. O cajueiro - Uma carta da irmã do narrador contando sobre a queda do velho cajueiro que ficava no alto do morro, atrás da casa de seus pais, desperta lembranças da sua infância. Ele descreve como os meninos, à medida que cresciam, iam conhecendo a árvore e que, no último verão, levou Carybé para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo um parente querido.

31. Encontro - O narrador encontra casualmente, em um bar, antiga namorada. Compara a sua beleza e jeito de mulher com a imagem que trazia dela quando jovem. Ao despedir-se, o seu olhar lhe dá a certeza “de que nem tudo se perde na confusão da vida e que uma vaga mas imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar.”

32. O afogado - Homem consegue se salvar de morrer afogado, sem pedir ajuda. Esgotado, deita-se na areia da praia e sente-se superior às pessoas que estão conversando sobre cinema numa barraca próxima - “uma idiota superioridade de quem não morreu, mas podia estar morto”.

33. Madrugada - O narrador sonha com a mulher que estivera na festa na sua casa. Acorda de madrugada, vai até a varanda e descreve o nascer do dia, o mar, os pescadores preparando-se para a pesca, os pássaros despertando, o silêncio da casa e as sensações que a madrugada despertava nele.

34. História de pescaria - O narrador conta a pescaria feita por ele, Zé Carlos e Manuel, motivados pela notícia de que um marlin fora visto na Praia Azedinha. Não encontraram o marlin, mas ele fisgou “um olho-de-boi que tinha seus vinte e cinco quilos” e ficou lutando com o peixe durante mais de uma hora. Porém, o peixe quebrou a linha quando a hélice do barco foi ligada, e fugiu.

35. O mato - No entardecer de um dia chuvoso, no Rio de Janeiro, homem se afasta da cidade e anda lentamente por um morro próximo à sua casa. Pensa na nervosa vida da cidade, depois volta a sua atenção para a natureza, sente paz e vontade de se tornar uma árvore, sem desejos e sentimentos - “forte, quieto, imóvel, feliz”.
36. Do Carmo - Na praia, o narrador encontra um velho amigo. Conversam sobre o passado, lembram de amigos de vinte anos antes e falam de Maria do Carmo, sua beleza e seu encanto. Esta lembrança os aproxima mais. De repente, correm para o mar e mergulham, com o sentimento de que a água limpa também a poeira que a passagem do tempo vai deixando na alma.

37. Visão - O narrador descreve como, no meio de um dia cinzento, no centro do Rio, a visão de uma mulher que, por um instante, lhe fitou e sorriu de dentro de um carro fez com que se sentisse como um preso que visse “uma parede se abrir sobre uma paisagem úmida e brilhante de todos os sonhos de luz.”

38. As luvas - O narrador encontra um par de luvas atirado atrás de uns livros e imagina que sejam de uma mulher que o visitara duas vezes e sumira há mais de uma semana, dizendo que telefonaria. O telefone toca, mas não é a dona das luvas. Ao sair para um jantar, segura as luvas “como se tivesse na mão um problema” e as joga atrás dos livros, “onde estavam antes.”

39. As meninas - Narrador recorda a imagem de duas meninas em uma praia, com vestidos compridos, azul e verde, brincando no mar, acontecida há muito tempo. Evoca o sentimento de angústia "leve, quase suave" que a cena produziu nele.

Apreciação Crítica

O Estilo
As crônicas de Rubem Braga tornaram-se, na modernidade, tão paradigmáticas do ofício do cronista, que seu estilo em muito se confunde com a própria definição do gênero na atualidade. Segundo Davi Arrigucci Jr, em sua introdução aos Melhores Contos de Rubem Braga: Desde o princípio, deve ter sido difícil dizer, com precisão crítica, o que eram aquelas crônicas. Pareciam esconder a complexidade pressentida sob límpida naturalidade. Disfarçavam a arte da escrita numa prosa divagadora de quem conversa sem rumo certo, distraído com o balanço da rede, passando o tempo, mais para se livrar do ócio e do tédio, sem se preocupar com o jeito de falar. E, no entanto, uma prosa cheia de achados de linguagem, conseguida a custo, pelejando-se com as palavras: um vocabulário escolhido a dedo para o lugar exato; uma frase em geral curta, com preferência pela coordenação, sem temer, porém, curvas e enlaces dos períodos mais longos e complicados; uma sintaxe, enfim, leve e flexível, que tomava liberdades e cadências da língua coloquial, propiciando um ritmo de uma soltura sem par na literatura brasileira contemporânea.
Tal processo retoma a arte do conto oral popular, dos contadores de causos do interior. Homens da roça transplantados para a cidade, portadores de uma sabedoria prática acumulada, estes narradores tradicionais, como Rubem Braga, vão buscando no emaranhado da memória, em ritmo ruminante e lírico, encaracolado em si mesmo, instantes de iluminação em meio ao dinamismo da cidade moderna. Ainda segundo Arrigucci: Os olhos do cronista, treinados no jornal para o flagrante do cotidiano, afeitos à experiência do choque inesperado em qualquer esquina, estão preparados, em meio à vida fragmentária, aleatória e fugaz dos tempos modernos, para a caça de instantâneos. O cronista é um lírico de passagem; se expressa de súbito, ao se deparar com o catalisador da emoção poética. Por isso sua prosa, em sua continuidade fluida, tem um ritmo em que se destaca o tempo forte da visão - imagem, súbita iluminação, epifania -, no espaço urbano e dessacralizado da vida moderna.
A revelação desse momento de súbita iluminação diante de algum flagrante do cotidiano, epifania segundo James Joyce, alumbramento para Manuel Bandeira, que faz vir à tona algo de inusitado, anteriormente imperceptível, embora latente, no interior das personagens, é essencial na elaboração das crônicas de Rubem Braga. Assim, herdeiro do estilo humilde de Manuel Bandeira, o velho Braga vai tirando poesia, feita de pequenos nadas, das insignificâncias do cotidiano.
O narrador de Rubem Braga por vezes se apresenta na primeira pessoa, mas raramente é o centro da narrativa. Quando narra o tempo presente, em geral na cidade grande, encontra-se deslocado: observa e anota os outros, nutre uma curiosidade intensa por tudo aquilo que não é o Eu. Ao voltar ao tempo passado, remoto e rural, tende a centrar a narrativa em si. Mas este "eu" já não é mais o mesmo, e as crônicas são inundadas pela uma melancolia nostálgica de quem não consegue restaurar os valores éticos do passado. Seguindo as reflexões de Walter Benjamin sobre o papel do narrador no mundo moderno, Davi Arrigucci Jr. assim sintetiza a posição do narrador nos Melhores Contos de Rubem Braga: No centro da obra de Rubem Braga estará talvez o desconcerto do narrador tradicional, cujo saber, fundado numa experiência comunitária de outros tempos, perde a eficácia no mundo moderno. É muito perceptível a dificuldade desse narrador para generalizar a experiência pessoal, transformando-a em conselho prático para os outros, ao mesmo tempo que essa experiência em si mesma se vai tornando cada vez mais rala, num mundo que adotou o ritmo desnorteante das mudanças contínuas e imprevisíveis.

Temas Recorrentes
Há uma grande dose de arbitrariedade e subjetivismo sempre que se faz uma antologia com o melhor de qualquer escritor. Na seleção das crônicas de Rubem Braga feita por Davi Arrigucci Jr. para o livro Os Melhores Contos de Rubem Braga, causa estranheza ao admirador da obra do velho Braga a ausência de algumas de sua crônicas mais conhecidas e importantes, como Recado ao senhor 903, Ai de ti, Copacabana!, Minha glória literária, O conde e o passarinho, e tantas outras. Mas o livro que temos é esse e, como diria Machado de Assis, não estamos aqui para emendar escolhas.
Dividir as crônicas desse livro de acordo com o tema que abordam também não é tarefa isenta de subjetivismo e, portanto, discussão e discordância. Fazemo-lo no intuito de ajudar o leitor a se encontrar no emaranhado de direções para as quais apontam os textos. Muitas das crônicas poderiam ser agrupadas em duas ou mais categorias, e cabe ao leitor arguto tentar reorganizá-las. Eis a nossa proposta:
1. Passado interiorano ou em Cachoeiro do Itapemirim - reunindo as crônicas em que o narrador aborda, de forma lírica e nostálgica, a vida na cidade pequena do interior, entre caçadas de passarinho, encontro com moradores da cidade grande, peladas na rua, pescarias, cachorros amigos, e a vegetação abundante do meio quase rural:
Tuim criado no dedo; A moça rica; Negócio de menino; Caçada de paca; Praga de menino; Lembrança de Zig; O sino de ouro; O cajueiro; História de pescaria.
2. Luta contra a repressão durante a ditadura getulista (1936-1945) - textos em que o velho Braga rememora suas aventuras fugindo da repressão durante o Estado Novo, sempre mesclando à luta política aspectos sentimentais e existenciais:
Diário de um subversivo; Era uma noite de luar; Os perseguidos.

3. Observação das injustiças sociais - crônicas centradas no conflito entre os que nada têm e os mais privilegiados. Observe-se a semelhança de Conto de Natal com Vidas Secas, de Graciliano Ramos, e principalmente com o Auto de Natal Pernambucano que é Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:
O jovem casal; Noite de chuva; Conto de Natal.

4. Casos da cidade grande - textos relatando episódios passados na cidade grande, alguns de maneira bastante realista e outros, como Marinheiro na rua, com toques surrealistas ou, como O homem da estação, com claras influências do expressionismo de Franz Kafka: Coração de mãe; Marinheiro na rua; O homem da estação; A navegação da casa; O espanhol que morreu; O rei secreto de França; Um braço de mulher; Os amantes; O afogado; As luvas.

5. Conversas corriqueiras - diálogos travados pelo narrador ou por personagens outros em que predomina a observação das sutilezas psicológicas:
Falamos de carambolas; Aula de inglês; A partilha; Força de vontade; Visita de uma senhora; Do Carmo.

6. Instantes de epifania pura - embora a epifania apareça de forma nuclear em muitos dos textos agrupados em outras categorias, nestes aparece de forma desnuda, pura, sendo a essência do texto, que descreve um instante único de alumbramento, de iluminação:
Madrugada; O mato; Visão.

7. O narrador "voyeur" - crônicas em que o narrador observa, atraído como um "voyeur", as ações de mulheres/meninas:
Viúva na praia; A mulher que ia navegar; A primeira mulher do Nunes; Encontro; As meninas.

Leitura
Texto 1
TUIM CRIADO NO DEDO
(fragmentos)
João-de-barro é um bicho bobo que ninguém pega, embora goste de ficar perto da gente; mas de dentro daquela casa de joão-de-barro vinha uma espécie de choro, um chorinho fazendo tuim, tuim, tuim...
A casa estava num galho alto. Um menino subiu até perto. Depois, com uma vara de bambu, conseguiu tirar a casa sem quebrar e veio baixando até o outro menino apanhar. Dentro, naquele quartinho que fica bem escondido depois do corredor de entrada para o vento não incomodar, havia três filhotes, não de joão-de-barro, mas de tuim.
De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor. Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro, ainda sem penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas para eles; um morreu, outro morreu, ficou um.
Em geral a gente cria em casa é casal de tuim, especialmente para se apreciar o namorinho deles. Mas aquele tuim macho foi criado sozinho e, como se diz na roça, criado
no dedo. Passava o dia solto, esvoaçando em volta da casa da fazenda, comendo sementinhas de imbaúba. Se aparecia uma visita, fazia-se aquela demonstração; era o menino chegar na varanda e gritar para o arvoredo: tuim, tuim, tuim! Às vezes demorava, a visita achava que aquilo era brincadeira do menino, de repente surgia a ave, vinha certinho pousar no dedo do garoto.
(...)
Houve um conselho de família, quando acabaram as férias: deixar o tuim, levar o tuim para São Paulo? Voltaram para a cidade com o tuim, o menino toda hora dando comidinha a ele na viagem. O pai avisou: "Aqui na cidade ele não pode andar solto; é um bicho da roça e se perde, o senhor está avisado".
Aquilo encheu de medo o coração do menino. Fechava as janelas para soltar o tuim dentro de casa, andava com ele no dedo, ele voava pela sala; a mãe e a irmã não aprovavam, o tuim sujava dentro de casa.
Soltar um pouquinho no quintal não devia ser perigoso, desde que ficasse perto; se ele quisesse voar para longe, era só chamar, que voltava. Mas uma vez não voltou. De casa em casa, o menino foi indagando pelo tuim: "Que é tuim?" - perguntavam pessoas ignorantes. "Tuim?"
Que raiva! Pedia licença para olhar no quintal de cada casa, perdeu a hora de almoçar e ir para a escola, foi para outra rua, para outra.
Teve uma idéia, foi ao armazém de "seu" Perrota: "Tem gaiola para vender?" Disseram que tinha. "Venderam alguma gaiola hoje?" Tinham vendido uma para uma casa
ali perto.
Foi lá, chorando, disse ao dono da casa: "Se não prenderam o meu tuim, então por que o senhor comprou gaiola hoje?"
O homem acabou confessando que tinha aparecido um periquitinho verde sim, de rabo curto, não sabia que chamava tuim. Ofereceu comprar, o filho dele gostara tanto, ia ficar desapontado quando voltasse da escola e não achasse mais o bichinho. "Não senhor, o tuim é meu, foi criado por mim". Voltou para casa com o tuim no dedo.
Pegou uma tesoura: era triste, uma judiação, mas era preciso: cortou as asinhas. Assim ele poderia andar solto no quintal, e nunca mais fugiria.
Depois foi lá dentro fazer uma coisa que estava precisando fazer, e, quando voltou para dar comida ao tuim, viu só algumas penas verdes e as manchas de sangue no cimento.
Subiu num caixote para olhar por cima do muro e ainda viu o vulto do gato ruivo que sumia.
Exercícios
1. Podemos dizer que o narrador da crônica acima:
a) É o menino, já adulto, rememorando um episódio triste de sua infância.
b) É observador, sempre neutro e afastado.
c) É pai do menino, personagem secundária, que dá conselhos sábios.
d) Manifesta-se explicitamente apenas no início da crônica, ao nos passar seus conhecimentos sobre pássaros.
e) É o próprio Rubem Braga quando criança.
2. Aponte o fragmento do texto em não ocorre uma construção lingüística popular ou infantil:
a) De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor.
b) Em geral a gente cria em casa é casal de tuim...
c) ...não sabia que chamava tuim...
d) Aquilo encheu de medo o coração do menino.
e) "Tem gaiola para vender?"
3. Segundo o crítico Jorge de Sá, este conto retrata "A amarga possibilidade de cada um de nós destruir o próprio objeto do desejo." Como podemos perceber na cena final, o menino acaba por causar a morte do tuim exatamente pelo medo de perdê-lo. Entre os livros abaixo, quais são aqueles em que, mesmo que de forma diferente, o mesmo fenômeno ocorre?
a) Morte e Vida Severina e Fogo Morto
b) Dom Casmurro e São Bernardo
c) O Primo Basílio e Morte e Vida Severina
d) Campo Geral e O Primo Basílio
e) Morte e Vida Severina e Dom Casmurro
Texto 2
FORÇA DE VONTADE
(fragmentos)
Refugou o copo de vinho que eu lhe oferecia; depois também não quis aceitar um cigarro. Não bebia, não fumava, não tinha nenhum vício. Tinha uma cara gorda e mole de padre, e falava com precisão sobre o custo da vida em São Paulo.
Contou-me por exemplo que seu pai, homem de 80 anos, que mora na Quarta Parada, vai toda semana comprar carne em Mogi das Cruzes, onde é mais barata e mais bem servida.
-- Lá em casa comemos boa carne todo dia -- disse ele com ênfase.
Não, não era casado -- morava com os pais, que sustentava com seu trabalho. "Aliás -- me disse subitamente, com um brilho nos olhos e as mãos trêmulas como quem toma coragem para fazer uma confissão sensacional -- aliás este foi o primeiro ideal que me propus a realizar na vida. E realizei. Agora estou realizando o último dos meus três ideais."
(...)
E então me explicou que seu sistema era este: para cumprir cada um de seus três ideais, pusera ele mesmo um obstáculo diante de cada um. Como tinha desde criança muita vontade de ir ao Rio, resolvera não o fazer enquanto não cumprisse seu ideal número 3 - isto é, enquanto não visitasse pelo menos um país estrangeiro. O mesmo fizera
em relação aos outros dois ideais. Por um momento tive a impressão de que ia me contar qual tinha sido a promessa que fizera em relação aos outros dois ideais -- mas creio que achou que já se abrira demasiado comigo. Talvez o desanimasse minha cara meio sonolenta depois do vinho tinto do almoço, naquele dia quente.
Pouco depois ele seguiu, com o grupo de turistas, para visitar as quedas e ir ao lado argentino. Só o vi depois do jantar e, como eu estava muito bem disposto, me aproximei dele. Eu estava numa roda em que se bebia alegremente uma boa "caña" paraguaia e insisti para que viesse tomar um cálice: -- "Afinal você deve estar contente hoje, precisa comemorar. Você realizou o terceiro e último ideal de sua vida -- e em duplicata: visitou dois países estrangeiros!"
Embora ele recusasse o convite, sentei-me um momento a seu lado.
-- Sim -- disse ele. -- Eu provei minha força de vontade: realizei tudo o que prometera a mim mesmo um dia. E foi duro: tive de passar muitas necessidades e me esforçar muito. Quando eu era rapazinho, não tinha força de vontade. Mas hoje tenho a prova de que qualquer homem pode ter muita força de vontade. É uma coisa formidável.
Voltei para a roda, onde se bebia e se contavam anedotas. Logo depois resolvemos todos sair para dar uma volta de carro. Convidei o homem da força de vontade -- havia um lugar no carro. Ele não aceitou. Ficou ali no saguão do hotel -- e quando voltei para apanhar minha lanterna, surpreendi a expressão de seu rosto: estava sério, triste e ao mesmo tempo com um ar tão aparvalhado e tão vazio como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida e acabasse de descobrir isto.

Exercícios

4. "Tinha uma cara gorda e mole de padre..."
Aponte, entre as características da personagem, aquela que não condiz diretamente com a descrição acima:
a) Não bebia.
b) Não fumava.
c) Não tinha nenhum vício.
d) Não era casado.
e) Não tinha força de vontade quando rapazinho.
5. Podemos dizer, quanto ao narrador da crônica acima, que:
a) Trata-se de um narrador observador, que não participa da história.
b) Trata-se do personagem protagonista do texto.
c) Trata-se um narrador personagem, mas cuja função primordial é observar e ouvir a personagem principal.
d) Trata-se de um narrador onisciente, pois sabe tudo o que se passa na mente das personagens.
e) Trata-se de um narrador implícito, pois apenas aparece para comentar as ações da personagem principal.
6. A crônica se encerra com uma epifania. Aponte-a.

Texto 3
ERA UMA NOITE DE LUAR
(fragmentos)
(...)
Ao bater, ouvi um rumor lá dentro. Depois senti que alguém me espiava pela veneziana, sem dizer nada. Bati outra vez. Ouvi ainda uns rumores dentro do quarto e, por
fim, uma voz nervosa:
-- Quem é?
Marina não me havia reconhecido e com certeza estava inquieta. Tranqüilizei-a:
-- Sou eu, Domingos.
A porta abriu-se.
Tinha visto Marina poucas vezes, sempre em companhia do marido, na rua. Nunca havíamos trocado mais de duas ou três palavras. Não se podia dizer que fosse bonita, mas era agradável com seu ar um pouco seco, um pouco nervoso, e seu jeito de vestir-se com severidade. Agora estava diante de mim e não pude deixar de sorrir quando a vi metida em
um macacão.
-- Trago notícias do Alberto.
Dei o recado que um político solto no dia anterior havia trazido. Alberto mandava dizer que estava bem, que há muito tempo já não o interrogavam, e que não tinha nenhuma esperança de ser libertado tão cedo.
(...)
-- Acha que eles vão deixar o Alberto preso muito tempo?
Dei minha opinião com sinceridade. Alberto estava comprometido. Quando o pegou, a polícia não sabia grande coisa dele, mas lá dentro sua situação tinha piorado muito. Parece que tinham aparecido umas histórias velhas, de São Paulo...
-- E você, como vai?
(...)
-- Isso aqui é pior do que prisão. Às vezes tenho vontade de sair, tomar um ônibus, andar por aí, ir a uma praia...
Arriscara-se a ir a um cinema do bairro, e quase morrera de medo. Na volta, um homem a seguiu. Teve certeza de que ia ser presa; quando estava perto de casa, o homem, mal encarado, apertou o passo e a deteve, tocando-lhe o braço com a mão. Parou, trêmula, e logo saiu correndo e entrou em casa; jogou-se na cama chorando, num desabafo nervoso. O homem lhe havia feito uma proposta amorosa...
Contava essas coisas sentada na cama, um pouco excitada; e estava engraçada assim, metida no macacão do marido, com uma régua na mão, contando o seu susto. Rimos, mas logo ela se pôs a andar no quarto para um lado e outro, batendo com a régua na coxa.
(...)
Voltou a falar de Alberto, contou detalhes de sua prisão. Ela havia escapado por milagre. Mas estava ali, sozinha, sem poder sair de casa... Começou quase a lamentar-se e subitamente pareceu de novo tranqüila. Os cabelos despenteados e o macacão lhe davam um ar ao mesmo tempo gracioso e cordial de rapazola. Devia ter uns trinta anos. Agora sua voz parecia ter cinqüenta:
-- A situação é esta: se não fosse por causa do Alberto eu poderia ter fugido para o Sul. Mas perdi a oportunidade. Mais tarde, na hora de alugar este quarto, estive quase
resolvendo outra vez fugir. Mas queria esperar Alberto... Está visto que não posso ficar esperando a vida inteira. O senhor acha que há possibilidade...
Era engraçado que me chamasse de "senhor", quando começara me tratando de "você". Mas logo, na frase seguinte, com uma pequena hesitação na voz, voltou a me chamar de "você".
Levantei-me e procurei com a vista um cinzeiro para pôr o cigarro. Não havia. Abri uma banda da janela para jogá-lo no jardim.
-- Posso deixar a janela aberta? Está quente...
Sentada na cama, ela ficou em silêncio. Resolvi ir-me embora, e fiquei pensando se devia lhe dar o pouco dinheiro que tinha no bolso. Eu voltaria de ônibus. Tirei a nota do bolso. Ela aceitou secamente e me deu um aperto de mão rápido.
Sua voz era tranqüila, quase fria.
-- Obrigada. Se tiver alguma novidade estes dias, apareça outra vez. Meu nome aqui é Judite de Sousa.
-- Sei. Tem telefone?
-- Não. Ah, um momento! Pode pôr uma carta no correio para mim?
Tirou uma carta da gaveta, meteu-a em um envelope e começou a escrever o endereço. Junto à janela, lá fora, eu via as grandes árvores gordas, beijadas pelo luar, enquanto ouvia o ranger da pena no papel.
Comentei ao acaso:
-- Bonito luar. . .
Ela acabara de escrever o endereço e respondeu, dando um olhar à janela:
-- É.
Foi um "é" tão seco que me arrependi do que havia dito, como se tivesse sido alguma coisa inconveniente. Depois de fechar o envelope ela veio para junto da janela onde eu estava. Para ver melhor lá fora, abri o outro lado da janela e a lua apareceu, redonda, branca, entre as copas das árvores. Foi apenas um instante. Ela fechou os dois lados da janela com brutalidade:
-- Não faça isso! Estúpido! Não vê que eu não posso com isso? Que estou sozinha desde que Alberto foi preso?
Ficou um momento diante de mim, pálida, os lábios trêmulos; eu não sabia o que dizer.
-- Vá-se embora!
Lançou-se na cama, escondeu a cabeça nas mãos e começou a chorar. Os soluços agitavam seu corpo magro e nervoso sob o macacão azul.
Exercícios

7. Essa crônica se passa no período de repressão do Estado Novo (1937-1945) getulista. Poderia, no entanto, passar-se em outro momento? Justifique.

8. Por que Marina reage de forma tão brusca quando o narrador abre a janela?

Texto 4

O JOVEM CASAL
(fragmentos)
Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde, mas tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele esboçou
com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre -- e desistiram.
O homem da carrocinha de pão obrigou-os a recuar para perto do meio-fio; depois o negrinho da lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente enjoada e insistente -- preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão do Catete, muito barulhento: "Lutaremos contra tudo" -- havia dito -- e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor -- ele, com repugnância, ia matar a barata; depois, com mais desgosto ainda, jogá-la fora.
E havia as pulgas; havia a falta d'água, e quando havia água, a fila dos hóspedes diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio. As duas velhas gordas, pintadas, na mesinha ao lado, lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiúra duma vida estreita, onde o mau gosto pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial -- um simples ovo era "extraordinário". Quando eles pediam dois ovos, a dona da pensão olhava com raiva; estavam atrasados no pagamento.
(...)
Então um grande carro conversível se deteve perto deles, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha, muito clara. A mulherzinha deu um rápido olhar ao rapaz e olhou com mais vagar a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos, enquanto o homem dizia alguma coisa a respeito de um anel. No momento do carro partir, com um arranco macio ouviram que a mulher dizia: "se ele deixar por quinze, eu fico."
Quinze contos -- isto entrou pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu estômago mal alimentado -- quinze contos, meses e meses, anos de pensão? Então olhou sua mulher e achou-a tão linda e triste com sua blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar. Disse: "Viu aquela vaca dizendo que vai comprar o anel de quinze contos?"
Vinha o bonde.
Exercícios

9. Comente a posição do narrador desta crônica.

10. Aponte na crônica um exemplo de discurso indireto livre.
Respostas aos exercícios
1. d
2. d
3. b
4. e
5. c
6. O homem com força de vontade, que impunha a si mesmo obstáculos para alcançar seus ideais, ao vê-los realizados, percebe-se, subitamente, "vazio como quem não tivesse coisa alguma a fazer na vida". Neste instante súbito de iluminação, ou epifania, parece ter chegado à conclusão de que, sem obstáculos, nada mais lhe resta a desejar na vida.
7. Certamente. Retrata perfeitamente a situação dos perseguidos políticos de diversas épocas no Brasil. Poderia passar-se, por exemplo, durante a década de 70. O narrador não fornece dados precisos sobre a localização temporal da crônica. Talvez por se interessar mais pelos conflitos psicológicos resultantes do período de repressão.
8. Ao abrir a janela, o narrador deixa penetrar o luar. A leitora de Olavo Bilac ( "Ora, direis, ouvir estrelas!"), solitária, afastada do marido, teme tanto seus impulsos sexuais quanto a repressão militar. Isto se comprova pelo medo que tivera de um homem na rua, julgando-o um policial, quando não passava de um galanteador. O luar que penetrava pela janela evocava lembranças e provocava desejos. Por isso, a reação intempestiva e a expulsão do narrador de seu quarto.
9. A crônica é narrada na terceira pessoa, por um narrador que parece estar observando (do outro lado da rua?) o jovem casal. Onisciente seletivo, penetra na cabeça do jovem marido para extrair seu sofrimento com a situação econômica em que se encontram. O narrador claramente se coloca (e aos leitores) em posição simpática ao casal, descrevendo como suportam com nobreza a miséria. Por outro lado, descreve de forma desdenhosa o casal do automóvel, composto por "...um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha..." . Trata-se, portanto de um narrador subjetivo, embora na terceira pessoa.
10. "...quinze contos, meses e meses, anos de pensão?"



Fonte: Compêndio de Literatura Brasileira Vol .3 Caio Cury



RUBEM BRAGA

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Belo Horizonte, MG, Brazil
Português/Inglês pela Uni-bh. Especialização em Língua Portuguesa Larga experiência no ensino 1o e 2o graus.

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