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domingo, 1 de novembro de 2009


INTERNET X LIVRO

O dia nacional do livro é comemorado em29 de outubro.Em 1810,a Real Biblioteca de Portugal foi transferida para o Rio de Janeiro e 29/10 ficou sendo sua data de fundação.
Hoje, a biblioteca nacional tem em seu acervo mais de 60 mil peças,um rico acervo manuscritos,mapas,moedas e medalhas.
Nos tempos atuais, a internet se mostra cada vez mais presente e também chegou à escola.
Isso traz uma certa preocupação,mas por quê ela passa a ser um fator preocupante?
O fato é que conhecendo os hábitos ou o pouco hábito dos nossos dicentes pela leitura,a concorrência entre livro impresso e o computador é um disparate.
É óbvio que a leitura de um bom livro traz benefícios ímpares;
.Desenvolve o
raciocínio

.Corrige falhas na pontuação e ortografia

.Enriquece o vocabulário


entre outros já conhecidos,mas o livro tende a ser substituído se não promovermos uma mudança de atitudes imediata por parte dos educandos.
É através da leitura dos registros escritos que deszcobrimos e aprendemos culturas,histórias e hábitos diferentes,compreendemos a realidade,osentido real das idéias,vivências,sonhos etc.
Segundo estudiosos,existem três objetivos distintos para compreender a importância do hábito de ler:


*Ler por prazer

*Ler para estudar

*Ler para se informar
Lindo demais
Coração é terra que ninguém vê

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Sachei, mondei - nada colhi.
Nasceram espinhos
e nos espinhos me feri.

Quis ser um dia, jardineira
de um coração.
Cavei, plantei.
Na terra ingrata
nada criei.

Semeador da Parábola...
Lancei a boa semente
a gestos largos...
Aves do céu levaram.
Espinhos do chão cobriram.
O resto se perdeu
na terra dura
da ingratidão

Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...

Cora Coralina
Meu Destino.

Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...

Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos
juntos pela vida...

Cora Coralina
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
"Poeminha Amoroso"

Cora Coralina
Pensador.info
home > Cora Coralina poema mulher
autores | biografias | tags | populares | recentes | temas Cora Coralina poema mulher
Encontrados 715 frases e pensamentos: Cora Coralina poema mulher
Saber Viver


Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar

Cora Coralina
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visitados do Brasil,
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Concurso Literário


















(Os poemas abaixo foram retirados dos e-books disponíveis gratuitamente para baixar aqui)
Poemas mais recentes (atualização diária):
Da Busca - blog

NÃO PISE NA GRAMA
Placa inútil e amarela:
"Não pise na grama."

Amarela
pela ausência de girassóis.

Inútil
porque não tenho os pés no chão.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

TUDO PELOS ARES
Somos anjos perdidos.
Asas mortas no chão
desde a primeira audição
da palavra impossível.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


JANEIRO
O dourado vence o vermelho
no dia nascente.
A revanche: o crepúsculo.

Verão.
Estação de sonhos e ócio.
Já cheira a saudade
antes de esquentar.

Provar as bênçãos
dos bons arcanjos
em trajes de banho
sobre a areia branca

e a irregularidade
dos horizontes
das cidades
do interior
da alma.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

VENTO FORTE

(Para Mario Quintana)

O vento aqui não pára.

Nem um segundo,
nem um pouquinho.

Ah, se eu fosse moinho...

Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

OS PÁSSAROS?
O sol renascia.
Bocejadamente abri a porta.
O horizonte se escondia atrás das árvores.

Entro no estábulo de folha
e alimento minha criação.
Do balde ao chão:
consoantes, dígrafos, cedilhas...

Comem caladas.
Levo duas ao colo e as embalo,
dou tapas nas costas, faço de tudo
mas não rimam.

Foi quando estranhei um estranho estranho ali parado.
Sem métrica para prendê-las,
todas voaram, cheias de sons pensados,
para seus olhos.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

DA TENTATIVA
Quis fazer um poema triste.
Mas triste estou eu, não o poema triste.
(Celulose com rugas no carpete.)

Tento fazer um verso frio.
Mas frio é esse tempo excomungado, não o verso frio.
(Alvidez alvidrada janela abaixo.)

Imagino um soneto morto
e vejo que a folha não respira.

- Medusa, olha essa poesia!

Com pena idiossincrática,
deito a pena esferográfica.
(Talvez se eu falasse de lagartixas...)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

TANGO MIO
Perdi o passo.
Sem equilíbrio,
pisei no pé do caos.

Meu ócio antigo
se embriagava no bar,
cercado de inimigos.

O sonho não realizado
fumava-se, cabisbaixo,
num degrau abaixo.

Adivinhei minha esperança inteira
lá fora, no beco de Bandeira,
mendigando.

Ah, se em minha alma
tocasse funk...
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

ALEGRIA
(Para Drummond )

E eu aqui nesta cidade,
cercado de realidade,
aumentando a minha idade,
alérgico a felicidade,
procuro flores no asfalto.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)


(veja no Youtube, com piano de Fábio Neto)

INFÂNCIA
No vento,
Pedrinho perdeu
sua sombra.

- Cadê tua sombra, menino?
Gritou a mãe.

- Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço.
Disse a vó.

Pedrinho ria a danar.

Depois foi estudar
enquanto a sombra brincava
de ser noite.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro PRALARVAS)

VICE-REI
Eu sempre estendi as mãos
para as borboletas...

Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.

Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro VICE-REI)

O GATO
De quando em vez
esse ser equilibrado
de aparente ausência assimilada,

esse eu sério, de óculos, barba,
poucas palavras e sorrisos,
desce da altura medida.
A vista míope enturva, escurece.
Dentes trincados não fazem preces.
A lentidão de pernas e braços
destransforma-se em negro gato.
Gato ágil que arranha de angústia rouca
tão profundo, tantas vezes, tanta gente...
vai embora num relampejar de luz pouca
e sou eu quem se arrepende.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

QUADRO DEPRESSIVO
Dentro em mim vermelho
caem muros altos
de castelos musgos
lentamente frios.
Escombros do todo.
Não desejo saber
que parte da arte
partiu primeiro.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro FIM NO COMEÇO)

SPAM
Emagreça
dormindo:
morra.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ACRE-DITO)

PSICANÁLISE FREUDIANA
Agarro a gruta
pela goela
com força bruta
olho em seus olhos
meus:
morte.
Dentes trincados
pelos eriçados
um gato que foge
pro escuro
por mais que se aperte.
(Seu tempo acabou)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ACRE-DITO)

PRECIOSIDADE
Valéria tem olhos de medo
como o dos pássaros
pequenos e frágeis.
Há agitação
sob as camadas
de sua plenitude
alva.
Cabelos e plumas se confundem
no lume
que vejo
e que imagino...
Valéria
fala pouco
mas olha muito.
Pra mim, basta.
E sigo, besta
a escrever muito
e falar pouco.
Ah, se nossos silêncios
se tocassem...
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

CONVOCAÇÃO
Venham a mim os loucos
os roucos, os poucos
os perdidos, vencidos e poetas!
Juntem-se a mim
rasgando gravatas
e quebrando televisores!
Sigamos o longo e solitário caminho
que leva a nós.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

CONS-TATO
Sabe essa falta
dentro do peito
na madrugada?
Essa que Drummond
chamou de ausência
e tirou pra dançar?
Eu não sei dançar com ela.
(Então aperto-a
sinto-a plenamente entre minhas mãos
e deixo cair
o pó de palavras
quente.)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

PAZ
Vou sem pressa
para a casa
que há em mim.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

AMAR: QUEIMAR AMARRAS
Na tempestade tátil da mão
ao vento susurros certeiros
cuspir com fogo de dragão
e sabor de nevoeiros...
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)


A CECÍLIA MEIRELES
Cantos serenados
cruzam etéreos crepúsculos.

Nuvens douradas
pastam perfumes seculares
em seus altos caminhos.

Sonhos naufragados
atravessam espelhos, horizontes,
borbulham baixinho:

A poesia da rosa
é seu espinho.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

CULPA
Meus passeios
poluem o mundo.

Para ler,
gasto a luz de cidades inundadas.

A geladeira
esburaca a camada de ozônio.

Banhos longos
desertificam o planeta.

Para comer, beber, viver
gasto dinheiro (que nem ganhei).

Meus poemas
derrubam árvores.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


PARA MANOEL DE BARROS
Seu Nhonhô
morava no silêncio
e tinha cabelos de nuvens.

Era irmanado das águas paradas
e de quando em vez libélulas
punham ovos em sua cabeça.

Sua voz tinha falha de crostas
e vulcões invisíveis expeliam o nada por suas ventas.

Da última vez que o vi
estava árvore.

Quando foi cortado,
se cercou de cinza
e desandou a falar sem dizer.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

CORTE
Tenho sorte.
Ao menos tento forte
(mesmo que não acerte)
fazer do ócio, arte.

O tempo curto - corte.

Sem vida - morte.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


ÁGUA VIVA
Eu quero o poema cnidoblasto,
cheio de chatos nematocistos.

Que arde como os antigos emplastos,
estranho como os ornitorrincos.

Que ignore aqueles verdes pastos
e embriague como vinho tinto.

Quero o verso chato enigmático
que cante tudo e nada que sinto.

Que se danem o pássaro simpático
e as flores em formato de brinco.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

DELIVERY
Somos nazistas alienados
contribuindo semi-cegos
para os campos de concentração
de renda.

Criamos necessidades de consumo
inúteis
matando chances e gentes
ainda mais cegas.

Quem tem olhos,
tem bolsos
cheios
e milhões
de vendas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro VICE-REI)

REVELAÇÃO
Eu me esqueci no armário.

Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!

Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.

Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.
Fabio Rochawww.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

(veja no Youtube)

NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL
Queria arrombar com versos pesados
as portas do Paraíso.

Escritos com o sangue dos expulsos
e a revolta das gerações infindas.

Queria voltar ao que nos pertence
com um poema
na medida
do impossível.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

PRALARVAS
O que fica
da vida
vivida
pro amanhã?

Trabalho pra larvas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro PRALARVAS)


PAPEL
De todo o silêncio
ouço só o esplêndido
silêncio das árvores.

Pois o silêncio de quem fala
e cala
é incompleto.

Por isso, ouço o silêncio
distante
das árvores que nunca vi.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro CAMINHO A MANHÃ)

WINDOW
Sou cavaleiro sem donzela
e meu escudo é uma tela.
Se eu não pensasse nela...
Suo frio na capela
se há casamento na novela.
Se eu não pensasse nela...
Sonho meu que não é meu:
já sonhava Romeu.
- Quem sonha? Ela ou eu?
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro A MAGIA DA POESIA)

UMBRAL
Estou trancado.
Lá fora
leões
que amo.
A casa encolheu
ou eu que cresci?
Estou armado até os dentes.
Eles têm fome.
Ouço seus rugidos.
(Algo em mim quer ser um monstro.)
Cansado de ferimentos
olho para a porta
a chave pesando a mão.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro O OUTRO )

SOL E CÉU
Fazer cada pequena coisa
perfeitamente
requer tempo e paciência
que temos em alguma árvore perdida.
Ouço suas folhas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ALQUIMIA)

ESCREVER LAVA
Geralmente é quando leio
que o silêncio crepita distante.
É preciso então parar.
Prestar atenção:
Uma folha em branco
para conter a luz
antes que se perca
no escuro labirinto do momento.
Sinto
no ar seco
a invisibilidade
a que aspiro.
E na catedral inexistente
acendo uma vela imaginária
com a palavra.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ALQUIMIA)

SUBÚRBIO
As pessoas na rua
aplaudem
as casas sem campainha.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

SEMELHANÇA NA DIFERENÇA
Filosofia e Poesia
são dois braços
de um mesmo dorso
esticados no esforço
de tocar
além do tempo.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

DO CRIAR CAMINHOS AO CAMINHAR
Atrás
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...
Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.
Criar
e curtir criadores...
Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

PONTAL
Pedra antes de tudo pedra
quantos infinitos
oceanos silenciosos
cheios de carinhos, algas e ostras
passaram sob ti?
E esse céu
pintado de auroras marginais
com sangue e vento
ornado de agora
desde sempre?
(Cresce verde em teus velhos musgos
e a noite vem enganar a todos
com a mudança)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)


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ATENÇÃO: OS POEMAS DESTA PÁGINA SÃO DA AUTORIA DE FABIO ROCHA.
O autor permite utilização em outras páginas da internet, com as seguintes condições:
1 - Manter a autoria (Fabio Rocha);
2 - Manter o poema inteiro idêntico (título e versos);
3 - Colocar o endereço ou link deste site como fonte (www.fabiorocha.com.br).

Não deixe de passar na seção de Mestres para ler uma seleção de poemas de grandes autores.














































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NÃO PISE NA GRAMA
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"Não pise na grama."

Amarela
pela ausência de girassóis.

Inútil
porque não tenho os pés no chão.
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(do livro TUDO PELOS ARES)

TUDO PELOS ARES
Somos anjos perdidos.
Asas mortas no chão
desde a primeira audição
da palavra impossível.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


JANEIRO
O dourado vence o vermelho
no dia nascente.
A revanche: o crepúsculo.

Verão.
Estação de sonhos e ócio.
Já cheira a saudade
antes de esquentar.

Provar as bênçãos
dos bons arcanjos
em trajes de banho
sobre a areia branca

e a irregularidade
dos horizontes
das cidades
do interior
da alma.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
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VENTO FORTE

(Para Mario Quintana)

O vento aqui não pára.

Nem um segundo,
nem um pouquinho.

Ah, se eu fosse moinho...

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OS PÁSSAROS?
O sol renascia.
Bocejadamente abri a porta.
O horizonte se escondia atrás das árvores.

Entro no estábulo de folha
e alimento minha criação.
Do balde ao chão:
consoantes, dígrafos, cedilhas...

Comem caladas.
Levo duas ao colo e as embalo,
dou tapas nas costas, faço de tudo
mas não rimam.

Foi quando estranhei um estranho estranho ali parado.
Sem métrica para prendê-las,
todas voaram, cheias de sons pensados,
para seus olhos.
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(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

DA TENTATIVA
Quis fazer um poema triste.
Mas triste estou eu, não o poema triste.
(Celulose com rugas no carpete.)

Tento fazer um verso frio.
Mas frio é esse tempo excomungado, não o verso frio.
(Alvidez alvidrada janela abaixo.)

Imagino um soneto morto
e vejo que a folha não respira.

- Medusa, olha essa poesia!

Com pena idiossincrática,
deito a pena esferográfica.
(Talvez se eu falasse de lagartixas...)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

TANGO MIO
Perdi o passo.
Sem equilíbrio,
pisei no pé do caos.

Meu ócio antigo
se embriagava no bar,
cercado de inimigos.

O sonho não realizado
fumava-se, cabisbaixo,
num degrau abaixo.

Adivinhei minha esperança inteira
lá fora, no beco de Bandeira,
mendigando.

Ah, se em minha alma
tocasse funk...
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(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

ALEGRIA
(Para Drummond )

E eu aqui nesta cidade,
cercado de realidade,
aumentando a minha idade,
alérgico a felicidade,
procuro flores no asfalto.
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(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)


(veja no Youtube, com piano de Fábio Neto)

INFÂNCIA
No vento,
Pedrinho perdeu
sua sombra.

- Cadê tua sombra, menino?
Gritou a mãe.

- Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço.
Disse a vó.

Pedrinho ria a danar.

Depois foi estudar
enquanto a sombra brincava
de ser noite.
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(do livro PRALARVAS)

VICE-REI
Eu sempre estendi as mãos
para as borboletas...

Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.

Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro VICE-REI)

O GATO
De quando em vez
esse ser equilibrado
de aparente ausência assimilada,

esse eu sério, de óculos, barba,
poucas palavras e sorrisos,
desce da altura medida.
A vista míope enturva, escurece.
Dentes trincados não fazem preces.
A lentidão de pernas e braços
destransforma-se em negro gato.
Gato ágil que arranha de angústia rouca
tão profundo, tantas vezes, tanta gente...
vai embora num relampejar de luz pouca
e sou eu quem se arrepende.
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(do livro TUDO PELOS ARES)

QUADRO DEPRESSIVO
Dentro em mim vermelho
caem muros altos
de castelos musgos
lentamente frios.
Escombros do todo.
Não desejo saber
que parte da arte
partiu primeiro.
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(do livro FIM NO COMEÇO)

SPAM
Emagreça
dormindo:
morra.
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(do livro ACRE-DITO)

PSICANÁLISE FREUDIANA
Agarro a gruta
pela goela
com força bruta
olho em seus olhos
meus:
morte.
Dentes trincados
pelos eriçados
um gato que foge
pro escuro
por mais que se aperte.
(Seu tempo acabou)
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(do livro ACRE-DITO)

PRECIOSIDADE
Valéria tem olhos de medo
como o dos pássaros
pequenos e frágeis.
Há agitação
sob as camadas
de sua plenitude
alva.
Cabelos e plumas se confundem
no lume
que vejo
e que imagino...
Valéria
fala pouco
mas olha muito.
Pra mim, basta.
E sigo, besta
a escrever muito
e falar pouco.
Ah, se nossos silêncios
se tocassem...
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(do livro LIBERDADE)

CONVOCAÇÃO
Venham a mim os loucos
os roucos, os poucos
os perdidos, vencidos e poetas!
Juntem-se a mim
rasgando gravatas
e quebrando televisores!
Sigamos o longo e solitário caminho
que leva a nós.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

CONS-TATO
Sabe essa falta
dentro do peito
na madrugada?
Essa que Drummond
chamou de ausência
e tirou pra dançar?
Eu não sei dançar com ela.
(Então aperto-a
sinto-a plenamente entre minhas mãos
e deixo cair
o pó de palavras
quente.)
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(do livro NO FIM, COMEÇO)

PAZ
Vou sem pressa
para a casa
que há em mim.
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(do livro NO FIM, COMEÇO)

AMAR: QUEIMAR AMARRAS
Na tempestade tátil da mão
ao vento susurros certeiros
cuspir com fogo de dragão
e sabor de nevoeiros...
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(do livro NO FIM, COMEÇO)


A CECÍLIA MEIRELES
Cantos serenados
cruzam etéreos crepúsculos.

Nuvens douradas
pastam perfumes seculares
em seus altos caminhos.

Sonhos naufragados
atravessam espelhos, horizontes,
borbulham baixinho:

A poesia da rosa
é seu espinho.
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(do livro TUDO PELOS ARES)

CULPA
Meus passeios
poluem o mundo.

Para ler,
gasto a luz de cidades inundadas.

A geladeira
esburaca a camada de ozônio.

Banhos longos
desertificam o planeta.

Para comer, beber, viver
gasto dinheiro (que nem ganhei).

Meus poemas
derrubam árvores.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


PARA MANOEL DE BARROS
Seu Nhonhô
morava no silêncio
e tinha cabelos de nuvens.

Era irmanado das águas paradas
e de quando em vez libélulas
punham ovos em sua cabeça.

Sua voz tinha falha de crostas
e vulcões invisíveis expeliam o nada por suas ventas.

Da última vez que o vi
estava árvore.

Quando foi cortado,
se cercou de cinza
e desandou a falar sem dizer.
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(do livro TUDO PELOS ARES)

CORTE
Tenho sorte.
Ao menos tento forte
(mesmo que não acerte)
fazer do ócio, arte.

O tempo curto - corte.

Sem vida - morte.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


ÁGUA VIVA
Eu quero o poema cnidoblasto,
cheio de chatos nematocistos.

Que arde como os antigos emplastos,
estranho como os ornitorrincos.

Que ignore aqueles verdes pastos
e embriague como vinho tinto.

Quero o verso chato enigmático
que cante tudo e nada que sinto.

Que se danem o pássaro simpático
e as flores em formato de brinco.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

DELIVERY
Somos nazistas alienados
contribuindo semi-cegos
para os campos de concentração
de renda.

Criamos necessidades de consumo
inúteis
matando chances e gentes
ainda mais cegas.

Quem tem olhos,
tem bolsos
cheios
e milhões
de vendas.
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(do livro VICE-REI)

REVELAÇÃO
Eu me esqueci no armário.

Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!

Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.

Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.
Fabio Rochawww.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

(veja no Youtube)

NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL
Queria arrombar com versos pesados
as portas do Paraíso.

Escritos com o sangue dos expulsos
e a revolta das gerações infindas.

Queria voltar ao que nos pertence
com um poema
na medida
do impossível.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

PRALARVAS
O que fica
da vida
vivida
pro amanhã?

Trabalho pra larvas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro PRALARVAS)


PAPEL
De todo o silêncio
ouço só o esplêndido
silêncio das árvores.

Pois o silêncio de quem fala
e cala
é incompleto.

Por isso, ouço o silêncio
distante
das árvores que nunca vi.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro CAMINHO A MANHÃ)

WINDOW
Sou cavaleiro sem donzela
e meu escudo é uma tela.
Se eu não pensasse nela...
Suo frio na capela
se há casamento na novela.
Se eu não pensasse nela...
Sonho meu que não é meu:
já sonhava Romeu.
- Quem sonha? Ela ou eu?
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro A MAGIA DA POESIA)

UMBRAL
Estou trancado.
Lá fora
leões
que amo.
A casa encolheu
ou eu que cresci?
Estou armado até os dentes.
Eles têm fome.
Ouço seus rugidos.
(Algo em mim quer ser um monstro.)
Cansado de ferimentos
olho para a porta
a chave pesando a mão.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro O OUTRO )

SOL E CÉU
Fazer cada pequena coisa
perfeitamente
requer tempo e paciência
que temos em alguma árvore perdida.
Ouço suas folhas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ALQUIMIA)

ESCREVER LAVA
Geralmente é quando leio
que o silêncio crepita distante.
É preciso então parar.
Prestar atenção:
Uma folha em branco
para conter a luz
antes que se perca
no escuro labirinto do momento.
Sinto
no ar seco
a invisibilidade
a que aspiro.
E na catedral inexistente
acendo uma vela imaginária
com a palavra.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ALQUIMIA)

SUBÚRBIO
As pessoas na rua
aplaudem
as casas sem campainha.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

SEMELHANÇA NA DIFERENÇA
Filosofia e Poesia
são dois braços
de um mesmo dorso
esticados no esforço
de tocar
além do tempo.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

DO CRIAR CAMINHOS AO CAMINHAR
Atrás
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...
Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.
Criar
e curtir criadores...
Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

PONTAL
Pedra antes de tudo pedra
quantos infinitos
oceanos silenciosos
cheios de carinhos, algas e ostras
passaram sob ti?
E esse céu
pintado de auroras marginais
com sangue e vento
ornado de agora
desde sempre?
(Cresce verde em teus velhos musgos
e a noite vem enganar a todos
com a mudança)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)


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Poemas mais recentes (atualização diária):
Da Busca - blog

NÃO PISE NA GRAMA
Placa inútil e amarela:
"Não pise na grama."

Amarela
pela ausência de girassóis.

Inútil
porque não tenho os pés no chão.
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(do livro TUDO PELOS ARES)

TUDO PELOS ARES
Somos anjos perdidos.
Asas mortas no chão
desde a primeira audição
da palavra impossível.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


JANEIRO
O dourado vence o vermelho
no dia nascente.
A revanche: o crepúsculo.

Verão.
Estação de sonhos e ócio.
Já cheira a saudade
antes de esquentar.

Provar as bênçãos
dos bons arcanjos
em trajes de banho
sobre a areia branca

e a irregularidade
dos horizontes
das cidades
do interior
da alma.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

VENTO FORTE

(Para Mario Quintana)

O vento aqui não pára.

Nem um segundo,
nem um pouquinho.

Ah, se eu fosse moinho...

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(do livro TUDO PELOS ARES)

OS PÁSSAROS?
O sol renascia.
Bocejadamente abri a porta.
O horizonte se escondia atrás das árvores.

Entro no estábulo de folha
e alimento minha criação.
Do balde ao chão:
consoantes, dígrafos, cedilhas...

Comem caladas.
Levo duas ao colo e as embalo,
dou tapas nas costas, faço de tudo
mas não rimam.

Foi quando estranhei um estranho estranho ali parado.
Sem métrica para prendê-las,
todas voaram, cheias de sons pensados,
para seus olhos.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

DA TENTATIVA
Quis fazer um poema triste.
Mas triste estou eu, não o poema triste.
(Celulose com rugas no carpete.)

Tento fazer um verso frio.
Mas frio é esse tempo excomungado, não o verso frio.
(Alvidez alvidrada janela abaixo.)

Imagino um soneto morto
e vejo que a folha não respira.

- Medusa, olha essa poesia!

Com pena idiossincrática,
deito a pena esferográfica.
(Talvez se eu falasse de lagartixas...)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

TANGO MIO
Perdi o passo.
Sem equilíbrio,
pisei no pé do caos.

Meu ócio antigo
se embriagava no bar,
cercado de inimigos.

O sonho não realizado
fumava-se, cabisbaixo,
num degrau abaixo.

Adivinhei minha esperança inteira
lá fora, no beco de Bandeira,
mendigando.

Ah, se em minha alma
tocasse funk...
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

ALEGRIA
(Para Drummond )

E eu aqui nesta cidade,
cercado de realidade,
aumentando a minha idade,
alérgico a felicidade,
procuro flores no asfalto.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)


(veja no Youtube, com piano de Fábio Neto)

INFÂNCIA
No vento,
Pedrinho perdeu
sua sombra.

- Cadê tua sombra, menino?
Gritou a mãe.

- Só não perde a cabeça porque está presa no pescoço.
Disse a vó.

Pedrinho ria a danar.

Depois foi estudar
enquanto a sombra brincava
de ser noite.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro PRALARVAS)

VICE-REI
Eu sempre estendi as mãos
para as borboletas...

Abria os braços
para o passado saudoso...
para o futuro sonhado...
mas nunca tocaram em mim.

Hoje, fiquei imóvel
e uma pousou no meu pé.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro VICE-REI)

O GATO
De quando em vez
esse ser equilibrado
de aparente ausência assimilada,

esse eu sério, de óculos, barba,
poucas palavras e sorrisos,
desce da altura medida.
A vista míope enturva, escurece.
Dentes trincados não fazem preces.
A lentidão de pernas e braços
destransforma-se em negro gato.
Gato ágil que arranha de angústia rouca
tão profundo, tantas vezes, tanta gente...
vai embora num relampejar de luz pouca
e sou eu quem se arrepende.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

QUADRO DEPRESSIVO
Dentro em mim vermelho
caem muros altos
de castelos musgos
lentamente frios.
Escombros do todo.
Não desejo saber
que parte da arte
partiu primeiro.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro FIM NO COMEÇO)

SPAM
Emagreça
dormindo:
morra.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ACRE-DITO)

PSICANÁLISE FREUDIANA
Agarro a gruta
pela goela
com força bruta
olho em seus olhos
meus:
morte.
Dentes trincados
pelos eriçados
um gato que foge
pro escuro
por mais que se aperte.
(Seu tempo acabou)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ACRE-DITO)

PRECIOSIDADE
Valéria tem olhos de medo
como o dos pássaros
pequenos e frágeis.
Há agitação
sob as camadas
de sua plenitude
alva.
Cabelos e plumas se confundem
no lume
que vejo
e que imagino...
Valéria
fala pouco
mas olha muito.
Pra mim, basta.
E sigo, besta
a escrever muito
e falar pouco.
Ah, se nossos silêncios
se tocassem...
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

CONVOCAÇÃO
Venham a mim os loucos
os roucos, os poucos
os perdidos, vencidos e poetas!
Juntem-se a mim
rasgando gravatas
e quebrando televisores!
Sigamos o longo e solitário caminho
que leva a nós.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

CONS-TATO
Sabe essa falta
dentro do peito
na madrugada?
Essa que Drummond
chamou de ausência
e tirou pra dançar?
Eu não sei dançar com ela.
(Então aperto-a
sinto-a plenamente entre minhas mãos
e deixo cair
o pó de palavras
quente.)
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

PAZ
Vou sem pressa
para a casa
que há em mim.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

AMAR: QUEIMAR AMARRAS
Na tempestade tátil da mão
ao vento susurros certeiros
cuspir com fogo de dragão
e sabor de nevoeiros...
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(do livro NO FIM, COMEÇO)


A CECÍLIA MEIRELES
Cantos serenados
cruzam etéreos crepúsculos.

Nuvens douradas
pastam perfumes seculares
em seus altos caminhos.

Sonhos naufragados
atravessam espelhos, horizontes,
borbulham baixinho:

A poesia da rosa
é seu espinho.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

CULPA
Meus passeios
poluem o mundo.

Para ler,
gasto a luz de cidades inundadas.

A geladeira
esburaca a camada de ozônio.

Banhos longos
desertificam o planeta.

Para comer, beber, viver
gasto dinheiro (que nem ganhei).

Meus poemas
derrubam árvores.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


PARA MANOEL DE BARROS
Seu Nhonhô
morava no silêncio
e tinha cabelos de nuvens.

Era irmanado das águas paradas
e de quando em vez libélulas
punham ovos em sua cabeça.

Sua voz tinha falha de crostas
e vulcões invisíveis expeliam o nada por suas ventas.

Da última vez que o vi
estava árvore.

Quando foi cortado,
se cercou de cinza
e desandou a falar sem dizer.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

CORTE
Tenho sorte.
Ao menos tento forte
(mesmo que não acerte)
fazer do ócio, arte.

O tempo curto - corte.

Sem vida - morte.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)


ÁGUA VIVA
Eu quero o poema cnidoblasto,
cheio de chatos nematocistos.

Que arde como os antigos emplastos,
estranho como os ornitorrincos.

Que ignore aqueles verdes pastos
e embriague como vinho tinto.

Quero o verso chato enigmático
que cante tudo e nada que sinto.

Que se danem o pássaro simpático
e as flores em formato de brinco.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro TUDO PELOS ARES)

DELIVERY
Somos nazistas alienados
contribuindo semi-cegos
para os campos de concentração
de renda.

Criamos necessidades de consumo
inúteis
matando chances e gentes
ainda mais cegas.

Quem tem olhos,
tem bolsos
cheios
e milhões
de vendas.
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(do livro VICE-REI)

REVELAÇÃO
Eu me esqueci no armário.

Pensei estar vivendo,
estudando, trabalhando, sendo!

Pensei ter amado e odiado,
aprendido e ensinado,
fugido e lutado,
confundido e explicado.

Mas hoje, surpreso,
me vi no armário embutido
calado, sozinho, perdido, parado.
Fabio Rochawww.fabiorocha.com.br
(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

(veja no Youtube)

NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL
Queria arrombar com versos pesados
as portas do Paraíso.

Escritos com o sangue dos expulsos
e a revolta das gerações infindas.

Queria voltar ao que nos pertence
com um poema
na medida
do impossível.
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(do livro NA MEDIDA DO IMPOSSÍVEL)

PRALARVAS
O que fica
da vida
vivida
pro amanhã?

Trabalho pra larvas.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro PRALARVAS)


PAPEL
De todo o silêncio
ouço só o esplêndido
silêncio das árvores.

Pois o silêncio de quem fala
e cala
é incompleto.

Por isso, ouço o silêncio
distante
das árvores que nunca vi.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro CAMINHO A MANHÃ)

WINDOW
Sou cavaleiro sem donzela
e meu escudo é uma tela.
Se eu não pensasse nela...
Suo frio na capela
se há casamento na novela.
Se eu não pensasse nela...
Sonho meu que não é meu:
já sonhava Romeu.
- Quem sonha? Ela ou eu?
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(do livro A MAGIA DA POESIA)

UMBRAL
Estou trancado.
Lá fora
leões
que amo.
A casa encolheu
ou eu que cresci?
Estou armado até os dentes.
Eles têm fome.
Ouço seus rugidos.
(Algo em mim quer ser um monstro.)
Cansado de ferimentos
olho para a porta
a chave pesando a mão.
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(do livro O OUTRO )

SOL E CÉU
Fazer cada pequena coisa
perfeitamente
requer tempo e paciência
que temos em alguma árvore perdida.
Ouço suas folhas.
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(do livro ALQUIMIA)

ESCREVER LAVA
Geralmente é quando leio
que o silêncio crepita distante.
É preciso então parar.
Prestar atenção:
Uma folha em branco
para conter a luz
antes que se perca
no escuro labirinto do momento.
Sinto
no ar seco
a invisibilidade
a que aspiro.
E na catedral inexistente
acendo uma vela imaginária
com a palavra.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro ALQUIMIA)

SUBÚRBIO
As pessoas na rua
aplaudem
as casas sem campainha.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro LIBERDADE)

SEMELHANÇA NA DIFERENÇA
Filosofia e Poesia
são dois braços
de um mesmo dorso
esticados no esforço
de tocar
além do tempo.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

DO CRIAR CAMINHOS AO CAMINHAR
Atrás
das grades
da rotina
deixei a sombra
de um sonho
que não era meu...
Hoje, a vida plena
sorri em cada canto
de cada cômodo cômodo
que por mais que seja cômodo inclusive
deixo
quando dá na telha.
Criar
e curtir criadores...
Amar
sem contar
nem conter
amores:
movimentos de mãos
e de terra
e de tudo
maravilhosamente
i n c o n t r o l á v e i s.
Fabio Rocha www.fabiorocha.com.br
(do livro NO FIM, COMEÇO)

PONTAL
Pedra antes de tudo pedra
quantos infinitos
oceanos silenciosos
cheios de carinhos, algas e ostras
passaram sob ti?
E esse céu
pintado de auroras marginais
com sangue e vento
ornado de agora
desde sempre?
(Cresce verde em teus velhos musgos
e a noite vem enganar a todos
com a mudança)
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